Ah, o domingo! Um dia de descanso para uns, mas para a Câmara Municipal de Castelo Branco, parece ser um dia de altos e baixos, de ideias que surgem e desaparecem como quem vira um relógio de pulso em sentido contrário. Cada novo domingo traz consigo mais voltas do que uma simples roda de circo – e, se o circo é alegoria, as voltas não são de alegria, mas de uma espiral cada vez mais fundo de ineficiência. É como se, ao invés de um plano estruturado, o que realmente se assistisse fosse a uma dança descoordenada e sem fim, onde o único espetáculo oferecido é a nossa paciência a desaparecer a cada novo ato
Comecemos pelo investimento de alegadamente 500.000 euros na antiga fábrica de mármores da zona industrial. Os rumores por parte de ” boas línguas ” a proposta oficial da autarquia, diz que a compra serve para alegadamente poder vir apoiar a APTIV, a antiga Delphi, com o objetivo de e manter postos de trabalho e garantir que a fábrica continue em operação. Claro, é sempre bom ouvir que se está a preservar empregos, mas é aqui que a dúvida surge. Com tantos recursos à disposição, será que a Câmara não poderia pensar mais além? Ao invés de investir em terrenos já envelhecidos, não seria mais prudente apostar em novas infraestruturas, mais modernas, que pudessem realmente atrair novas empresas, diversificar o mercado e trazer riqueza para a cidade? A grande questão é que, neste caso, a Câmara parece mais interessada em tapar buracos do que em criar novas oportunidades.
E se falarmos da zona industrial, onde, se fosse uma pista de dança, já teria dado o último passo há muito tempo? A TEC, uma empresa de camionagem que está a uma distância que, para os padrões locais, é quase um passeio à porta, comprou um terreno a preço de saldo – e a Câmara, com olhos e ouvidos tapados, deixou passar o negócio. Dizem as “boas línguas” que o terreno foi vendido « através de um solicitador» alegadamente por 70.000 euros, e a Câmara nem sequer exerceu o direito de preferência. Quais as intenções por detrás disso? Seria difícil olhar para o futuro e pensar em construir pavilhões industriais, ou, quem sabe, criar uma área de pequenas empresas que gerassem mais postos de trabalho e fizessem a zona industrial pulsar? A falta de visão estratégica está a sufocar a cidade e a sua capacidade de prosperar.
Mas, falemos de algo mais alegre… ou, pelo menos, que deveria ser. O Natal chegou a Castelo Branco com a pompa e circunstância de um funeral. O mercado de Natal, que já foi palco de grandiosas festas e animações, com viagens de comboio, este ano mais parece um armazém vazio, com os expositores de artesanato e miniaturas a desafiar qualquer sentido de celebração. A Praça enfrente à ” Belar “, que já foi o coração das festividades, transforma-se numa espécie de zona de desertificação cultural sem ter uma musicazinha de Natal, onde até a magia parece ter sido varrida para debaixo do tapete. O Natal, que costumava ser uma festa de luzes e sons, este ano tornou-se uma sombra apagada, ” e, sem viagem de comboio “, com as luzes desligadas antes da hora, como se o espírito da época tivesse sido cortado a tesourada. A tenda do Pai Natal, que em outros tempos transbordava de risos e alegria infantil, este sábado foi apagada por volta das 20h00. E tudo isto sem uma palavra explicativa de quem mais tem o poder de decidir.
O que diz o presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, sobre esta lamentável situação? Será que, com tantos assessores – 27, para sermos mais exatos – não houve um só que se tivesse lembrado de dar alguma vida ao Natal? Não se trata de um simples problema de orçamento, mas de uma falha de visão e gestão. Como é possível que, com tantos “iluminados” ao redor, a cidade acabe mais fria do que uma noite de inverno sem aquecimento?
O circo gira e gira, mas, por mais voltas que a Câmara dê, parece nunca encontrar o rumo certo. O domingo que se segue, tal como os anteriores, será mais uma oportunidade desperdiçada para corrigir o curso. E nós, meros cidadãos, permanecemos à espera de algo que nos faça acreditar que este governo local consegue, de alguma forma, encontrar um caminho que nos leve a uma cidade melhor, mais próspera, mais viva. Ou, quem sabe, este domingo também será mais uma volta no vazio, um domingo perdido. No fundo, a questão permanece: será que um dia este circo terá o fim que todos desejamos, ou continuaremos a assistir a este espetáculo de enganos e promessas não cumpridas?