Crónica Política: Entre Piscinas, Bibliotecas e Promessas Afundadas
Na cidade que Leopoldo Rodrigues chama de sua, a água não é apenas um elemento natural – é a metáfora perfeita para a gestão desastrosa de um presidente da câmara que, incapaz de olhar para a realidade, vê apenas o reflexo da sua vaidade em fontes e piscinas desnecessárias. Castelo Branco, outrora um exemplo de identidade e património, afunda-se lentamente, sem que o autarca consiga perceber o que realmente está em jogo. O que a cidade precisa não são mais monumentos fúteis, mas sim uma liderança responsável, que consiga distinguir entre a gestão da vaidade e a gestão do essencial.
Leopoldo Rodrigues parece viver numa bolha, onde a paisagem política se resume à inauguração de novas fontes ornamentais e piscinas exuberantes. A cidade, entretanto, alaga-se. Não pelas chuvas ou pela natureza, mas pela negligência e pelo desleixo de uma gestão que se concentra em adornar a cidade enquanto o património histórico e cultural se dissolve nas águas da indiferença. A biblioteca municipal “António Salvado”, um dos maiores tesouros culturais de Castelo Branco, enfrenta um problema grave: a água infiltra-se na sua cobertura e ameaça destruir livros, documentos e todo um património irrecuperável. Mas o presidente parece alheio à gravidade da situação, mais interessado em projetos faraónicos do que em preservar a memória da cidade.
Essa água que ameaça a biblioteca não é apenas um problema estrutural. Ela representa a erosão de algo muito mais profundo: a perda da identidade de Castelo Branco. Enquanto o património se afunda, o autarca finge que tudo está bem. O que estamos a testemunhar não é um simples descuido, mas uma gestão pública que teima em ignorar o essencial em nome de projetos grandiosos que servem apenas para alimentar a vaidade de quem está no poder. Enquanto a cidade se afasta das suas raízes, o presidente continua a inaugurar fontes que mais parecem servir para embelezar a sua imagem do que para beneficiar a comunidade.

O que é realmente preocupante é que a falta de ação não se limita à biblioteca. A muralha histórica da cidade está a desmoronar-se, a casa da zona histórica está em ruínas e o muro do cemitério do Salgueiro ameaça ruir. E onde está Leopoldo Rodrigues? Ocupado com mais uma inauguração. Se ao menos o autarca tivesse demonstrado a mesma dedicação para salvar o património cultural da cidade que mostra quando se trata de erguer fontes, talvez a cidade não estivesse a afundar-se num mar de descaso.
Estamos a falar de algo mais importante do que simples obras públicas. Estamos a falar da preservação da memória coletiva de Castelo Branco, da nossa história, da nossa identidade. E, no entanto, tudo isso parece ser secundário quando comparado à ânsia de construir projetos megalómanos que só servem para preencher o ego do presidente. Um presidente que, em vez de cuidar das águas que arriscam destruir o nosso património, prefere investir em fontes que não passam de adereços para o seu currículo político.
A biblioteca “António Salvado” exemplifica bem este paradoxo. Se fosse mais uma das suas piscinas, já teria sido inaugurada com pompa e circunstância. Mas, sendo um símbolo da nossa cultura e história, está a ser negligenciada até se tornar irreparável. As estantes cheias de livros valiosos podem, em breve, ser vítimas da água que se infiltra, e o que é uma calamidade silenciosa parece ser tratada com a mesma indiferença com que se ignoram os outros problemas que afligem a cidade.
Talvez seja uma crítica dura, mas o que está em jogo é demasiado sério para ser ignorado. Talvez, na sua mente, Leopoldo Rodrigues veja na inundação da biblioteca uma metáfora para a abundância de cultura da cidade – uma abundância que, paradoxalmente, está a ser afogada pela sua gestão desastrosa. E, assim, enquanto ele continua a cavar a sua própria cova política, a cidade afunda-se lentamente nas águas do esquecimento e da indiferença.
Leopoldo Rodrigues, obcecado com as suas fontes e piscinas ornamentais, parece incapaz de ver as águas que já ameaçam submergir as verdadeiras fundações da cidade. Até quando continuará a ignorar os sinais de alarme que lhe são enviados? Ou será que teremos de esperar que a biblioteca “António Salvado” se afunde, tal como outros projetos e promessas do seu mandato? A resposta parece óbvia, e é triste constatar que a cidade que um dia foi um símbolo de cultura e história agora se vê perdida na indiferença e no descaso de quem a governa.