Leopoldo Rodrigues, o autarca que parece confundir liderança com controle absoluto, proporcionou nesta terça-feira, dia 7 de janeiro, um novo espetáculo de autoritarismo em pleno exercício de poder. A sua mais recente exibição de opacidade teve lugar durante a sessão sobre o Plano Diretor Municipal (PDM), onde, mais uma vez, a transparência foi uma miragem e o direito à informação um luxo negado à maioria dos jornalistas. A surpresa? O presidente da Câmara de uma grande cidade e capital de distrito optou por limitar a participação apenas ao jornal “Reconquista”, excluindo, de forma estratégica, outros órgãos de comunicação, como o “ ORegiões”, que têm vindo a desempenhar o papel de voz crítica e independente. O que se esperava ser um fórum de discussão aberto, onde múltiplas perspetivas deveriam coexistir, transformou-se numa representação cuidadosamente encenada, destinada apenas a validar a narrativa oficial.
A estratégia de Leopoldo Rodrigues é clara: controlar a comunicação, restringindo o acesso à informação e limitando a liberdade de expressão. Para que a sua imagem pessoal prevaleça, a pluralidade de vozes é silenciada, e a democracia é relegada para segundo plano. Esta abordagem autocrática está longe de ser nova; é uma repetição do modelo de gestão em que os jornalistas são tratados como meros ecoadores da mensagem oficial, em vez de agentes críticos com o direito de questionar e desafiar. E a escolha de não tornar pública a reunião sobre o PDM, agendada às 17h30 destinada a toda a gente, revela o verdadeiro propósito por trás de tudo isto: limitar a participação da sociedade e da comunicação, garantindo que a agenda do presidente siga sem sobressaltos.
O mais impressionante neste caso não é só a exclusão dos órgãos de comunicação que não se alinham com a visão de Rodrigues, mas a inusitada falta de profissionalismo por parte da equipa de comunicação da Câmara Municipal. Quando se tentou contactar a assessora de comunicação, Cátia Martins, para esclarecer dúvidas sobre a exclusão de jornalistas independentes, a resposta foi a ausência. A assessora estava na sessão, com o telemóvel desligado, mas disponível para atender apenas ao único órgão presente antes da sessão pública. Ora, a função de um assessor de comunicação não é servir como apoio exclusivo ao jornal escolhido, mas sim tratar de todos os jornalistas, sem distinção.
Este episódio não é um caso isolado, mas antes mais uma peça do jogo de Leopoldo Rodrigues para sustentar uma narrativa unidimensional, onde as críticas são afastadas e a imagem de um governo municipal supostamente perfeito é mantida intacta. O “ORegiões”, que sempre procurou manter-se fiel ao jornalismo imparcial, viu-se reduzido a mero recetor de notas de imprensa cuidadosamente redigidas pela autarquia. Não houve espaço para interrogação, para questionamento; apenas uma reposição do que o governo municipal considerava ser do interesse público. A comunicação deixou de ser uma ferramenta para informar e passou a ser um veículo para a autopromoção de um poder que se sente ameaçado pela verdade.
O que Leopoldo Rodrigues parece não perceber é que a falta de transparência e de um ambiente democrático de comunicação não é apenas um erro de gestão; é um erro estratégico. Ao isolar-se dentro do seu círculo fechado, ele está a criar uma barreira entre a sua administração e os cidadãos que representa. A realidade, como bem sabemos, não pode ser escondida para sempre. E quando finalmente chegar o momento em que a verdade se impuser, será tarde demais para tentar convencer a população de que o seu governo é sinónimo de justiça e progresso.
Leopoldo Rodrigues está a cavar um fosso cada vez mais profundo entre a sua imagem pública e a confiança da população. No futuro, o que se espera é que a sociedade se desperte e se imponha contra este tipo de gestão autocrática, onde a censura e a exclusão prevalecem sobre os princípios democráticos. Quando o tempo se encarregar de julgar as suas ações, o resultado será claro: a transparência não se constrói com o silêncio, mas com a coragem de ouvir todas as vozes.
A pergunta que fica é simples, mas perturbadora: será que o presidente da Câmara algum dia entenderá que a transparência não se conquista através da censura seletiva da informação? O tempo, mais uma vez, será o juiz, mas, para já, é impossível não ver que a gestão de Leopoldo Rodrigues está a afastar-se, cada vez mais, daquilo que deveria ser o compromisso fundamental de qualquer governante: o respeito pelos princípios democráticos e pela liberdade de imprensa.