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Mariza, Diva E Embaixadora Do Fado

Mariza, a icónica voz do fado português, tem encantado plateias ao redor do mundo com a sua presença magnética e interpretações emocionantes. Esta, era de facto, uma das fadistas que  eu desejaria ver ao vivo, e assim aconteceu. Eis que para minha alegria, a fadista apresentou-se no Festival Sabores de Perdição, em Castelo Branco, a 6 de setembro de 2024

Em casa, este era o momento perfeito de a ver ao vivo sem que implicasse custos de deslocação associados…

No entanto, aquando à chegada ao recinto, deparo-me com algo tão improvável de acontecer, que se traduz em surrealismo… . O recinto escolhido era pequeno, incapaz de acomodar o vasto público que a artista atrai. Além disso, a disposição do palco e do sistema de som, direcionados para uma tenda, comprometeram a qualidade acústica, dificultando a apreciação plena da performance. Foi de facto espantoso verificar que ao longo da sua atuação, uma luta se travava nos bastidores, a luta da tentativa tresloucada da sonorização. Eram os técnicos de som, quais super-heróis, a tentar fazer o impossível… tirar o melhor partido da sonoridade do recinto.

Entretanto começou a atuação a magnífica Mariza, e fado após fado, reparo também em algo incomum para um cantor solista… é que a maior parte do concerto, Mariza cantou quase sempre em uma terceira acima ou uma terceira abaixo. «Terceira» um conceito musical para dizer que não é a melodia principal. Quem canta em terceiras normalmente são coros ou coristas, de modo a delinear uma harmonia que tem a função de enfatizar a linha melódica principal…

Pergunto-me se tal facto terá sido pela sonorização terrível? Se formos analisar bem, Mariza utilizava um retorno auricular. Quero isto dizer que por pior que estivesse o som, não interferia na sua munição, cuja musicalidade sai «limpinha» de ruídos, directamente da mesa de som para a sua orelha. Ainda assim, talvez o som exterior que batia na tenda, tenha retornado mais forte, que o próprio retorno auricular de Mariza, causando confusão de tal forma que fadista tentava cantar na melodia principal e por vezes optava pelas terceiras…

É lamentável que uma artista do calibre de Mariza, reconhecida internacionalmente e habituada a palcos de grande envergadura, tenha sido sujeita a condições que não fazem jus ao seu estatuto.

No entanto, também estive muito atenta a sorver todos os pormenores daquele concerto. Afinal estava perante uma «Diva» do Fado. E analisei a sua postura corporal. Entendi que as terceiras saíram tão naturalmente, que diria que esse facto não foi da sonorização, mas sim do «Estatuto que Diva». É que este estatuto permite que o cantor faça o que quiser com sua voz. Já se encontra no patamar que tudo pode fazer que fica sempre bem. Afinal é uma Diva!

À parte disto, o concerto foi fenomenal. Mariza é muito mais que fadista. Ali mostrou-se também, de certa forma, uma animadora de público. De facto, falava muito com o público. Sempre de modo muito natural quase que como familiar. Uma querida sem dúvida, levando o público a cantar como se o publico fosse o solista vocal… Só esse facto encanta o público. E me encantou também!

Uma verdadeira Diva, porém humilde. Quem diria, afinal era Mariza!

Mariza, nascida Marisa dos Reis Nunes em 16 de dezembro de 1973, em Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique, é uma das mais proeminentes vozes do fado contemporâneo. Com uma carreira que ultrapassa duas décadas, ela tem sido fundamental na projeção internacional deste género musical tipicamente português.

Em setembro de 2024, Mariza apresentou-se no Barbican, em Londres, onde foi aclamada pela sua capacidade de reinventar o fado, incorporando elementos modernos e uma presença cénica marcante. A crítica destacou a sua habilidade em equilibrar a teatralidade com momentos de profunda emoção musical, evidenciando a sua versatilidade e domínio vocal.

A sua atuação incluiu homenagens às suas raízes africanas, com interpretações de temas como “Quem Me Dera” e “Beijo de Saudade”, além da estreia de novas canções do seu próximo álbum. A performance foi descrita como uma fusão sublime de beleza folk-pop, consolidando Mariza como uma figura transformadora no panorama do fado contemporâneo.

Mariza continua a ser uma embaixadora do fado, levando este género musical a novos públicos e geografias, enquanto honra as suas raízes e explora novas direções artísticas.

Mariza será sempre uma Diva do Fado!

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Anabela Beirão
Anabela Beirão
Apresentadora do ORegiões web tv e compositora de genéricos musicais para ORegiões. Professora de música e terapeuta holística. Colabora semanalmente com seus artigos de opinião e crónica.

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