Eduardo Gageiro, reconhecido pelas imagens emblemáticas da Revolução de 25 de Abril, faleceu esta madrugada no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, aos 90 anos. O neto, Afonso Gageiro, comunicou que o fotógrafo partiu “em paz, rodeado pela família”.
Natural de Sacavém, onde nasceu em 1935, Eduardo Gageiro iniciou a carreira fotográfica aos 12 anos, quando uma das suas imagens foi publicada na primeira página do Diário de Notícias. A sua ligação à fotografia consolidou-se em 1957, ao ingressar no Diário Ilustrado, dedicando-se desde então ao fotojornalismo.
Gageiro destacou-se por captar momentos decisivos da história portuguesa, como o encontro de militares no Terreiro do Paço e o assalto à sede da PIDE durante o 25 de Abril. As suas fotografias tornaram-se símbolos visuais da revolução.
Ao longo da carreira, colaborou com diversas publicações nacionais e internacionais, incluindo a Associated Press, e com a Presidência da República. O seu trabalho foi reconhecido com mais de 300 prémios, entre eles o 2.º prémio do World Press Photo, em 1974, na categoria Retratos, com uma imagem do General António de Spínola.
Em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique, foi o único fotógrafo a registar imagens dos terroristas que sequestraram atletas israelitas na aldeia olímpica, um feito que lhe conferiu reconhecimento internacional.
Gageiro publicou várias obras fotográficas, frequentemente acompanhadas por textos de escritores portugueses. Destacam-se títulos como Gente (1971), com texto de José Cardoso Pires, e Lisboa Operária (1994), com texto de David Mourão-Ferreira.
Em 2004, foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e é Cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica.
Eduardo Gageiro deixa um legado fotográfico que documenta sete décadas da história portuguesa, desde o Estado Novo até à contemporaneidade, sendo as suas imagens referência obrigatória na memória colectiva do país.
