Proposta de destituição do Presidente angolano destapa insegurança entre militantes do MPLA.
A iniciativa da União Nacional para Independência Total de Angola para acusar e destituir o Presidente angolano, apesar do chumbo parlamentar, solevou um manto de suspensão entre “camaradas” do Movimento Popular de Libertação de Angola em relação à união do partido no poder, que já se questiona algum tempo por observadores.
O processo de acusação e destituição do Presidente angolano não passou pelo crivo dos deputados do MPLA, partido no poder em Angola, e do Partido Humanista de Angola, PHA, que junto somaram 123 votos contra a proposta.
A Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA, e o Partido de Renovação Social, PRS, grupo parlamentar misto, abstiveram-se e à UNITA, com 90 deputados e a promotora da iniciativa, não participou do processo, por supostas irregularidades administrativas e processuais.
Jú Martins, secretário do Bureau Políticos para os Assuntos Políticos do MPLA, afirmou, depois da rejeição o processo, que proposta dos “maninhos” estava manchada de irregularidades e populismo político, afirmando que hoje os deputados dos “camaradas” mostraram coesão em torno da liderança do Presidente da República e também líder do partido.
Mas alguns observadores acham que a iniciativa da UNITA destapou o nível de insegurança e a falta de união entre os militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola.
“Do ponto de vista político, a UNITA 111 deputados, daí que ter engendrado a história de que haveria, eventualmente, deputados do MPLA que poderiam alinhar com este tipo de manobras do maior partido na oposição. Vocês viram que o MPLA hoje esteve aqui até deputados que estavam fora em tratamento médico vieram manifestar a sua solidariedade e sua coesão a nível do partido”, disse Jú Martins, depois da sessão que chumbou a proposta do “Galo Negro”.
O secretário do Bureau Político para os Assuntos Políticos MPLA vê, de resto, uma história mal engendrada pelo “Galo Negro” que, presumivelmente, alguns parlamentares dos “camaradas”, poderiam, eventualmente, alinhar a iniciativa do maior partido na oposição.
A propósito da recusa do documento, Adalberto Costa Júnior, presidente da União Nacional para Independência Total de Angola, UNITA, lamentou a postura como foi conduzido o processo pela Assembleia Nacional, apontando o formato da votação que, para ele, seria secreto e não de mãos levantadas.
O líder do maior partido na oposição angolana entende que o MPLA tem medo do debate democrático, porque sabe que está sob pressão da sociedade, dizendo que atitude apresenta pelos deputados dos “camaradas” é sinónimo de que não defendem a Angola e nem os angolanos.
“O MPLA provou aqui que tem medo do povo, que tem medo do debate democrático. O MPLA está sob pressão e esta sessão foi muito boa, porque esta sessão veio claramente demostrar o que é que o MPLA é hoje. Um conjunto de deputados que não defendem Angola e nem os angolanos”, lamentou o líder do maior partido na oposição angolana, Adalberto Costa Júnior.