A história de Rui Pelejão e Filipa Gambino é, no mínimo, curiosa. Dois profissionais da comunicação, jornalista e editora de vídeo, com raízes no mundo rural, mas que sempre viveram nas selvas urbanas. Cosmopolitas até à medula, com a agitação das cidades a pulsar-lhes nas veias. Mas, como quem não quer a coisa, em 2018, decidiram fazer uma pausa no frenético ritmo da vida moderna e regressar à simplicidade do campo. Ou, pelo menos, foi isso que eles acharam que estavam a fazer
Escolheram o Alcaide, uma aldeia que nem os mais empolgados defensores do interior do país conheciam bem. A razão? Acreditem ou não, foi uma questão de logística: encontraram uma casa para alugar. E se não é isso o princípio de uma boa história, então que se escreva uma nova definição de “tradição”? E depois, ainda havia mais. Descobriram que a aldeia tinha algo que, em pleno século XXI, parecia mais raro do que um dia sem chuva no verão: uma comunidade que se organizava e se ajudava mutuamente. Ah, sim, a tão falada “solidariedade rural”, que tanto alimenta a nostalgia das novelas da tarde.
Rui e Filipa, que antes se perdiam nas ruas movimentadas de Lisboa, encontraram-se a aprender novos ritmos. Mas, claro, não se pense que foi apenas a falta de tráfego ou o silêncio da aldeia que os seduziu. A verdadeira cereja no topo do bolo foi a descoberta de um lugar onde se podia realmente conhecer o vizinho, onde a troca de favores não era apenas uma utopia mas uma prática diária. E, claro, não podiam deixar de lado o facto de que o campo também tem uma vantagem que a cidade, ah, essa traiçoeira, nunca oferece: a possibilidade de ver as estrelas sem a interferência das luzes artificiais. Pois é, quem diria que os dois urbanos iam fazer da paz e da simplicidade o seu novo projeto de vida?
E então surge Maria Rita, a filha que nasceu no meio deste contraste de mundos, com quatro anos de pura sabedoria campestre misturada com a curiosidade de uma criança em pleno crescimento. A aldeia agora não é apenas o cenário de uma mudança de vida, mas o palco onde o futuro “asas” da pequena Maria Rita será construído, entre as lidas do campo e as histórias do digital.
Será que Rui e Filipa realmente encontram o que procuravam? Aparentemente, sim. Mas, quem sabe, ao contrário do que diz o ditado popular, não será que, em vez de a aldeia os ter mudado, foi precisamente o contrário? Afinal, como dizia o sábio: “não são as árvores que mudam a paisagem, mas sim a paisagem que muda as árvores.” E que bela paisagem a deles tem sido.
Da Caneta à Causa Pública: A Coragem de Rui Pelejão Marques para Mudar o Fundão
Se o cenário político do Fundão fosse um palco, Rui Pelejão Marques seria o actor que decide trocar o seu papel de jornalista pela máscara de candidato independente à Câmara Municipal. E não se trata de um simples roteiro de ambição pessoal. A sua candidatura surge, como ele mesmo define num texto publicado na sua página de facebook, de razões emocionais, um misto de respeito pelo passado e esperança no futuro, tudo moldado por uma identidade profundamente enraizada na sua terra e nas lições de vida que a ela se colaram.
A história começa nos verões longos de uma infância passada na quinta dos avós, em Castelo Novo. A terra que lhe deu raízes é a mesma que agora o convoca para a vida política. O avô Manuel Vitorino, um homem do campo, anti-fascista e um feroz democrata socialista, benfiquista e ferroviário de profissão, foi o primeiro a ensinar-lhe o que é lutar pela democracia. Não faltava a uma reunião pública, faça chuva ou faça sol, com a sua indomável determinação e uma boina que, hoje, simboliza o que ele entende por compromisso com a comunidade.
Rui Pelejão Marques, ao apresentar-se como candidato, não o faz apenas por si, mas por todos os que, como o seu avô, dedicaram a vida ao bem da terra. Nessa herança emocional e política, ele encontra a coragem de avançar para um novo desafio: tornar o Fundão uma terra de oportunidade, onde a união e a fraternidade prevalecem. E quem o conhece sabe que, para ele, essas palavras não são apenas retóricas vazias.
É, contudo, interessante a ironia subjacente a esta transição. De jornalista crítico a político em campanha, Rui marimba-se na ideia de que a política é um terreno exclusivo dos partidários. Ele não se filia a nenhum partido, mas aceita o convite do PS para ser o seu candidato independente. E, ao fazer isso, questiona o que a política tem sido nos últimos tempos: um campo de divisões e fricções em vez de soluções. “Com união, tudo se resolve”, defende, e a sua proposta é clara: política pela positiva, sem o jogo do “nós contra eles” que tantas vezes se torna a única estratégia válida no discurso político.
Aqui, Rui faz uma crítica feroz à passividade de quem, de sofá, só critica e nunca se compromete. Ele não está a entrar para ser mais um político; está a entrar para ser, sobretudo, um cidadão que acredita no poder da participação ativa. Não é suficiente apenas votar, diz ele, é preciso dar o passo para fazer a diferença. E é exatamente isso que ele quer, uma política de proximidade, onde se ouve as vozes de todos – das crianças, dos jovens, dos mais velhos, dos empresários, das associações, das escolas, dos trabalhadores. Todos têm algo a dizer, e todos devem ser ouvidos.
A sua crítica à política tradicional torna-se visível quando ele afirma que a política, para ser eficaz, deve ser feita no terreno. Não é uma política de palanque ou de promessas vazias, mas de ação concreta. E é com essa atitude que Rui encara a sua candidatura: como uma verdadeira missão de serviço à comunidade. Ele não se coloca como o “salvador” do Fundão, mas como alguém que quer somar ao coletivo, trabalhar pela terra, com a terra.
No entanto, é preciso destacar o lado humano desta candidatura. Rui não está a fazer campanha contra ninguém, não está a fomentar o antagonismo, como tantos outros fazem na política. Ele estende a mão a todos, independentemente da sua filiação partidária. Todos têm um lugar no seu projeto, porque, como ele bem diz, todos querem o melhor para a terra. O que ele propõe não é a divisão, mas a união de esforços em torno de um único objetivo: tornar o Fundão um lugar mais justo, mais inclusivo, mais próspero. Uma terra onde a dignidade seja a palavra de ordem, onde todos, sem exceção, possam viver com liberdade e alegria.
Por fim, Rui Pelejão Marques faz um convite a todos os cidadãos do Fundão: não se limitem a ser espectadores da política, mas sejam atores. A mudança, como ele bem diz, só é possível com coragem, e essa coragem vem da união. Só com ela podemos construir um futuro mais justo, mais democrático, mais humano. O desafio está lançado. E se alguém tem dúvidas de que a política local ainda tem salvação, basta olhar para Rui Pelejão Marques para perceber que sim, há esperança. Que a política pode, de facto, ser feita com seriedade, ética, e, acima de tudo, com emoção.
E se essa mudança de rumo significar que, no futuro, o Fundão seja um lugar onde todos possam viver com a mesma paixão com que ele se dedica à sua terra, então o seu sonho de transformar a cidade não será uma utopia. Será, sim, um futuro possível.