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Tabaco aquecido faz tão mal ou pior do que o convencional

Em faixas etárias mais jovens, entre os 13 e os 18 anos, tem-se assistido a um aumento do consumo do tabaco, especialmente no que diz respeito aos novos produtos. A pneumologista Ana Raquel Marques considera que um dos erros mais comuns, entre aqueles que iniciam o processo para deixar de fumar, é optar pelo tabaco aquecido. A especialista alertou, contudo, que este produto derivado “faz tão mal ou pior do que o tabaco convencional”. Os produtos de tabaco aquecido começaram a ser comercializados em Portugal em 2015 pela Philip Morris International.

Segundo dados revelados este ano pela Organização Mundial de Saúde, o acto de fumar matou mais de oito milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo cerca de 1,3 milhões de não fumadores expostos ao fumo passivo. Em Portugal, o tabagismo é a principal causa de morte evitável, de acordo com a Federação Portuguesa de Cardiologia. Por cada cigarro fumado, em média, perdem-se oito minutos de vida.

A Federação Portuguesa de Cardiologia (FDA) revela também que um homem fumador está a arriscar perder, em média, cerca de 13 anos de vida, enquanto uma mulher perde cerca de 15 anos de vida.

Em entrevista à TSF, a pneumologista Ana Raquel Marques adianta que, em faixas etárias mais jovens, se tem assistido a um aumento do consumo do tabaco, especialmente no que diz respeito aos novos produtos. Ainda assim, no geral, tem havido um decréscimo.

“Os últimos dados que nós temos reportam a 2019 e, comparativamente aos dados anteriores de 2014, verificamos um decréscimo da prevalência total a nível nacional, de 20% de fumadores para 17%. No entanto, foi mais à custa da diminuição do número de fumadores na população masculina. Na feminina não foi assim tão relevante”, explica.

Ana Raquel Marques acrescenta, por outro lado, a “má notícia” de que, na faixa etária dos 13 aos 18 anos, “houve um pequeno aumento do número de fumadores e também da experiência dos novos produtos do tabaco”.

Nos últimos tempos, têm aparecido no mercado novos produtos, derivados do tabaco. A pneumologista deixa um alerta sobre os malefícios destes produtos, sublinhando que “já está comprovado que fazem tão mal ou pior do que o tabaco convencional”.

400 mil utilizadores

Os produtos de tabaco aquecido começaram a ser comercializados em Portugal em 2015 pela Philip Morris International. Esta empresa multinacional, da qual a Tabaqueira é subsidiária, escolheu o nosso país como o 4º mercado a nível mundial onde estes novos produtos seriam vendidos ao público. Desde então, e de acordo com dados da própria Tabaqueira, existem cerca de 400 mil “utilizadores” de iQOS em Portugal. Uma vez que cerca de 17% da população portuguesa é fumadora, podemos aferir que 1 em cada 5 fumadores no nosso país são “utilizadores iQOS”.

De acordo com 12 sociedades médicas científicas, das quais se destaca a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, não existe evidência que os produtos de tabaco aquecido representem menor risco para a saúde do que os cigarros convencionais.

“Não só porque a redução que a indústria tabaqueira refere em alguns produtos, que são inclusivamente cancerígenos, e que constituem o tabaco convencional, a redução que houve não foi em 99% – como referem muitos deles -, apenas 15%”, vinca, completando que existem componentes cancerígenos com uma “concentração três vezes superior no tabaco aquecido ao tabaco convencional”.

A pneumologista reitera, por isso, que é preciso prevenir e educar para que aqueles que queiram começar a deixar de fumar, não encontrem nestes novos produtos derivados do tabaco uma alternativa.

“A educação para a saúde tem de ser sempre a base, seja para qualquer intervenção. Porquê? Porque, sem conhecimento, a população continua na dúvida e continua a consumir estes produtos, inclusivamente pensando que podem ser usados para deixar de fumar, o que também não é uma recomendação da FDA, nem do Infarmed, nem na direção Geral de saúde, nem da Organização Mundial de Saúde”, esclarece.

A especialista insiste que a população não se deve “desviar dos tratamentos que existem”, passando a usar antes o “tabaco aquecido ou o cigarro eletrónico, com a intenção de deixar de fumar”.

“Os produtos derivados do tabaco são menos irritativos quando se começa a fumar, porque eles foram construídos desta forma, pela combustão, que não é total, como existe no tabaco convencional. Mas é só naquela fase inicial em que podem ter menos tosse ou menos irritabilidade. Depois, a nível de efeitos negativos para a saúde, estão associados a doenças cerebrocardiovasculares, como o tabaco convencional. Mesmo em pessoas mais jovens e até mais em mulheres do que em homens”, destaca.

A pneumologista apela, por isso, para uma maior rapidez na formulação das leis que protegem os consumidores.

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