Filho de imigrantes, Donaldo John Trump já deve ter tomado posse como 47.º Presidente dos Estados Unidos da América, rodeado de ignaros, interesseiros, liberais neoconservadores e malta que adora desregular os mercados financeiros, tornando o mundo mais caótico para os mais pobres, a classe média, os pequenos e médios empresários, os estudantes e os professores. Trump, desta vez, não é quem mais ordena. A sua passagem pela Casa Branca, sede oficial da presidência, marcará o mundo sobretudo devido aos imbecis conselheiros e ministros que levará consigo.
Podemos contar com os disparates habituais, mas a esses não devemos ligar. Se ele quer comprar a Gronelândia à Dinamarca ou o Canadá ao Rei Carlos III, é lá com ele. São meras bocas para o ar, que irão mascarar uma política económica hiper-protectora e agressiva, deixando os Estados Unidos vazios, isolados e, felizmente, com todas as fraquezas expostas. Desta vez, Donaldo deseja colocar os ricos no lugar onde estavam em 1921 – uma economia de capitalismo selvagem que, mais tarde, seria salva pelo Estado à custa dos impostos dos trabalhadores. Foi assim que, em 1929 e 2008, os EUA experimentaram booms que deram cabo disto tudo. E “isto tudo” ainda não recuperou da explosão da bolha de 2008, quando se descobriu que a banca, as financeiras, as imobiliárias e os agiotas andavam a brincar com o nosso dinheiro, enganando outros idiotas que queriam enriquecer rapidamente.
Trump tem vários problemas “resolvidos”. A indústria de armamento precisa de fabricar, pois a Ucrânia e Israel, além dos clientes habituais, precisam de bombinhas para continuar o caminho da guerra. (Não, não creio que o cessar-fogo no Médio Oriente se aguente.)
Mas há outros engulhos resolvidos: o energético, pois com ele, centrais a carvão podem ser livremente construídas – aliás, como tem feito a China desde 2020. E, para mais, conta com uma Europa medrosa e sem cabeça, e uma Rússia a quem Donaldo dará importância a mais. Vai lidar ainda com um Japão em contraciclo, pois Tóquio já percebeu o drama que se aproxima e aumentou as taxas de juro. A ideia de taxar a cem por cento os produtos chineses levará Pequim a criar mais empresas fora, em países “neutros”, como o Brasil, para exportar mais barato para os EUA. E Donaldo gostará disso, pois até tem amigalhaços prontos para investir ao lado da China e, assim, todos ganham.
Por isso, peço que não liguem aos arranjos florais, como o TikTok ou o perdão aos manifestantes que invadiram o Parlamento (Capitólio). Prestemos atenção, sempre e permanentemente, ao dinheiro, ao fluxo de capitais, às leis que não são assinadas à vista de todos. Donaldo nada tem a perder. Vai deixar uma América de rastos e um mundo encalacrado. Esse é o risco. E desta vez, não haverá Covid que o trave.