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Um pequenino entre os maiores do mundo

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João Cidade Duarte era o seu nome de Batismo. Ao aproximar-se o seu dia, em plena Quaresma, vou torná-lo presente. A vida dos santos são um estímulo, provocam, desafiam. Os santos são a fina flor da humanidade!

Para o recordar, sirvo-me de sites de divulgação da sua vida e obra, quer da sua Ordem, quer do site ‘santos e ícones católicos-cruz terra santa’, quer de outros. Uns dizem que não se sabe o dia nem o mês em que nasceu, outros dizem que nasceu a 8 de março de 1495, data em que também faleceu. Certo é que nasceu em Montemor-o-Novo, é português. Seu pai, André Cidade, e sua mãe, Teresa Duarte, vendiam fruta, na rua.

Aos oito anos, João Cidade desapareceu, talvez levado por alguém que por ali passara. Vinte dias após o seu desaparecimento, a sua mãe morreu de tristeza. Posteriormente, seu pai foi para um convento de franciscanos, por lá terminou os seus dias.

João, depois de mais algumas curvas e contracurvas a que a vida o obrigou, foi acolhido por Francisco, o administrador dos rebanhos do Conde de Oropesa, perto de Toledo. Porque ninguém sabia ao certo quem era o menino e muito menos de onde vinha, deram-lhe o nome de “João de Deus”. Francisco, homem bom, “educou João como a um filho, juntamente com a pequenina filha que a família tinha. Depois, dos catorze aos vinte e oito anos, João trabalhou para Francisco como um pastor. A relação entre eles era quase como a de pai e filho.

Quando a filha de Francisco atingiu idade para se casar, Francisco quis casá-la com João de Deus. João, sem querer o casamento e sem saber o que fazer, fugiu e começou uma vida errante”.

João Cidade Duarte
DR

Alistou-se soldado do rei Carlos V. Como soldado, participou na guerra contra os franceses e contra os turcos. Abandonando o exército, peregrinou por toda a Europa. Tendo passado por África, fez-se vendedor ambulante na cidade de Gibraltar, até que resolve voltar a Montemor-o-Novo. Ninguém o reconheceu na sua terra, seus pais já tinham morrido, apenas encontrou um tio.

Então, parte de novo, agora para Ceuta, tornando-se empregado de um fidalgo português desterrado. Para garantir o sustento desta família em apuros, João Cidade acabou por se disponibilizar para a ajudar, trabalhando na construção das muralhas da cidade.

Com mais uns abanões pelas tempestades da vida, regressa a Espanha e fixa-se em Granada, onde abre uma livraria. Aqui, pelo ano de 1538, João de Deus ouviu uma pregação de João D’Ávila que o tocou de tal maneira que, numa atitude radical contra a hipocrisia reinante, saiu da igreja aos gritos de “misericórdia, Senhor, misericórdia”. Distribuiu os bens que tinha pelos pobres e iniciou uma vida de penitência rigorosa. O povo, sem compreender o que se passava, tinha pena do homem ou gozava com a situação.

Tido como louco, João de Deus foi internado no hospital, onde recebeu tratamento desumano e cruel, fruto dos preconceitos e da ignorância da época quanto às doenças mentais. Libertando-se de tal situação, ele desejava que os tidos como ‘loucos’ tivessem tratamento mais adequado. Acolhido e orientado por João d’Ávila, ele funda, com esse objetivo, uma “Casa-Hospitalar”. Percorreu as ruas da cidade de Granada, ajudando e transportando os que não conseguiam valer-se sozinhos, levava-os para o seu hospital e separava-os por doenças, tratando-lhes das feridas do “corpo e da alma”, e apregoando pela cidade: “Irmãos, fazei o bem a vós mesmos, dando aos pobres!”.

A Casa Hospitalar de João de Deus começou a dar frutos, curando a muitos doentes mentais para espanto de todos. Assim nascia uma Ordem Religiosa a que ele chamou de Ordem dos Irmãos Hospitaleiros. Apesar de nunca ter estudado medicina, João de Deus conseguia a cura de vários doentes mentais, utilizando a sua própria experiência aliada à fé cristã. Se a alma for curada, meio caminho estava feito para a cura do corpo, era o seu princípio.

João de Deus, se dizia pertencer ao mundo dos loucos, também afirmava pertencer ao mundo dos pecadores, dos indignos. E era precisamente isso que o entusiasmava a trabalhar pela reabilitação, dignificação e inserção tanto dos doentes mentais quanto dos pecadores. ‘Num mundo onde qualquer distúrbio mental era sumariamente classificado como “loucura”, João de Deus criou um modelo de empatia, de tratamento, de contacto e de convicções profundas, que ajudaram milhares de pessoas sofredoras. Várias outras instituições seguiram as suas inspirações e orientações, ainda hoje o fazem.

Para cuidar dos doentes mentais, João de Deus ‘usava um processo próprio, que unia a conversa, o acolhimento, a oração, a cura interior. Por tudo isso, ele é considerado o precursor do método de tratamento psicanalítico e da compreensão de que as doenças têm origens psicossomáticas, ou seja, uma alma ou mente perturbada gera doenças físicas. Os traumas, os rancores, as mágoas causam doenças físicas. Freud e seus discípulos chegaram a isso quatro séculos depois’.

O sucesso da obra de São João de Deus foi tão grande que, mais de oitenta casas-hospitalares foram fundadas pela Europa. A princípio, elas abrigavam os doentes mentais e os doentes terminais. Depois, João de Deus e seus seguidores começaram a atender todos os tipos de doentes. O seu lema estava sempre presente: “fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos”. Em Roma, foi fundado o hospital Fatebenefratelli, um dos hospitais mais antigo do mundo.

Para salvar um menino de se afogar num rio, João atirou-se à água. Não conseguiu salvar a criança e apanhou uma broncopneumonia que o levou à morte. Faleceu em 1550, a 8 de março, com cinquenta e cinco anos de idade e fama de santidade. Vivendo a tempo o seu próprio tempo, ‘soube ser inovador e projetar o futuro. É considerado o fundador do Hospital moderno, é Santo e protetor do doentes, bombeiros e enfermeiros. Um homem que encontrou Deus no amor aos seus irmãos’.

Nos dias de hoje, a Ordem Hospitaleira de São João de Deus tem as dimensões de um instituto religioso internacional, com sede em Roma, espalhada por mais de 50 países. Com eles trabalham mais de 55 mil profissionais de saúde, cerca de 30 mil voluntários e são apoiados por milhares de benfeitores em centenas de obras assistenciais: hospitais, clínicas, lares, centros de reabilitação, albergues, centros de saúde mental, ambulatórios, projetos sociais e escolas de enfermagem.

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Antonino Dias
Antonino Dias
“É a logica que faz prestar atenção ao clamor do pobre, do mais fraco, do marginalizado, lógica de quem se opõe à violência dos que se servem da riqueza e do poder, da injustiça e da indiferença para humilhar e explorar os outros”, disse D. Antonino Dias - 22/11/2019".

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