Após insistência do jornal OREGIÕES, o Vereador Hélder Henriques rompe o silêncio e esclarece os motivos por trás do seu afastamento do Presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, mantendo-se firme na sua posição de não alimentar polémicas e reafirmando que a sua decisão foi pessoal e profissional, e não política. A seguir, a entrevista com o vereador socialista
OREGIÕES: Vereador Hélder Henriques, após a sua afirmação de que não tinha mais a declarar sobre os factos que ocorreram no final de dezembro e início de janeiro, o senhor decidiu voltar a falar. Porquê?
Hélder Henriques: De facto, tinha afirmado que não tinha mais a declarar, mas compreendo a persistência da questão e, como sempre, estou disponível para esclarecer a minha posição. A verdade, como diz o ditado, vem sempre ao de cima, e estou certo de que o tempo tratará de colocar cada um no seu devido lugar. Prefiro que a minha postura seja entendida em termos de honestidade e transparência, em vez de alimentar questões que, ao fim de tudo, são de natureza pessoal e não política.
OREGIÕES: Há quem afirme que a sua decisão está relacionada com um afastamento do Presidente da Câmara. O que tem a dizer sobre isso?
Hélder Henriques: Em 2020, quando o Sr. Presidente da Câmara iniciou a sua campanha e o programa eleitoral para as eleições internas, estive lá para o apoiar, especialmente em um momento de grande dificuldade devido à pandemia. Na altura, ele tinha uma opinião muito favorável sobre a minha pessoa, e o mesmo aconteceu em 2021, nas autárquicas, quando me opus a uma liderança interna do PS, defendendo o Partido. No entanto, agora, por eu ter uma opinião própria, e não ser um “yes man”, a sua posição alterou-se. Isto não é algo que me incomode, pois, como sempre, respeito a sua opinião, embora considere que um líder deve ser alguém que une, que ouve os outros e tenta construir consensos, não alguém que divide.
OREGIÕES: Então, a sua decisão de se afastar da autarquia é de natureza pessoal?
Hélder Henriques: Sim, é uma decisão exclusivamente minha, que envolve a minha vida pessoal e profissional. Trata-se de um processo que já comecei em setembro, e que envolve também instituições de ensino superior, que, como disse, não pretendo envolver em questões políticas. Mesmo que o Instituto Politécnico de Castelo Branco tivesse decidido não permitir este processo, eu teria agido da mesma forma, pedindo a licença para sair da autarquia a tempo inteiro, conforme o meu direito estatutário.
OREGIÕES: Mas não vê nenhuma razão política no seu afastamento?
Hélder Henriques: De forma alguma. Este é um assunto que diz respeito às instituições de ensino e a mim. Não posso permitir que se desvie a atenção para questões pessoais e profissionais quando o que interessa realmente aos Albicastrenses é o desenvolvimento do nosso território. Não me parece que faça sentido estar a discutir algo que não tem a ver com a gestão municipal.
OREGIÕES: O Sr. Presidente tem mostrado preocupação com a sua saída da Câmara. Como vê essa situação?
Hélder Henriques: Se o Sr. Presidente está tão preocupado com a minha saída a tempo inteiro, pode perfeitamente resolver essa questão com outro vereador que foi eleito nas listas do PS e que poderia, ao contrário de mim, passar para o regime de vereador a tempo inteiro. Bastaria um despacho dele. Porque não o faz? A questão não é minha, é dele, caso tenha realmente essa preocupação.
OREGIÕES: Para terminar, qual a sua mensagem para os Albicastrenses?
Hélder Henriques: A minha mensagem é simples. O que os Albicastrenses querem saber é como estamos a trabalhar para o desenvolvimento do nosso território. Não quero que a minha vida pessoal e profissional se torne um tema de discussão pública, e farei tudo o que estiver ao meu alcance para continuar a trabalhar pelo bem de Castelo Branco, seja no presente ou no futuro.
O jornal OREGIÕES recorda que Rodrigues em determinado momento do seu percurso político também fez as suas escolhas entre o exercício na junta de freguesia de Castelo Branco e o exercício a tempo inteiro no IEFP.