Quarta-feira,Março 19, 2025
8.2 C
Castelo Branco

- Publicidade -

1-2-3, Asterix salva todos!

A banda desenhada, ou a 9ª arte, tem mais uma prenda – e que prenda – para os leitores mundiais. Asterix e Obelix, criados pelas mentes brilhantes do argumentista René Goscinny e do ilustrador Albert Uderzo, no ano de 1959, vão ter uma aventura, finalmente, na Lusitânia. O anúncio, feito este domingo pela editora, deixa milhões de fanáticos nacionais a salivar daqui até Outubro, capazes mesmo de encher barragens e acabar com a seca.

1-2-3, Asterix salva todos!
Foto: D.R.

Asterix, o pequeno gaulês, que vive numa aldeia que resiste à ocupação romana através de lutas feéricas alimentadas por uma poção mágica de força e rapidez, é um dos mais queridos personagens criados pela banda desenhada francesa – embora tenham sido os belgas a criar Tintin e Blake et Mortimer…

Finalmente, a 23 de Outubro de 2025, será editado “Asterix na Lusitânia”, o 41º álbum dos heróis e com autoria de Fabcaro e Didier Conrad, que são os herdeiros da obra, depois da reforma e falecimento de Uderzo. A história de Astérix e Obélix vai passar-se pela primeira vez em Portugal e estamos em pulgas para saber se aparece um Viriato, um romano nascido em Aveiro ou, quem sabe, um druida bem português…

Não vindo Astérix à montanha, foi a montanha ao pequeno gaulês.

Em 1979 apareceu no “Jornal da BD” um aventureiro “levemente” inspirado no pequeno gaulês. Também conhecido como Tónius, o Lusitano. Este herói da BD Portuguesa, de tão divertido como atrevido guerreiro, teve vida quase efémera. E curta foi também a vida do seu sempre inspirado desenhista, André (aliás, José Maria Ferreira André, 1939-1993).

Bem portuguesa, a história de Tónius contou com argumentos de Tito e começou a ser publicado, em álbuns, em Espanha, na Bélgica, na Holanda e na Finlândia. Já “A Invasão dos Alfa”, de André e Fernando Tito, tinha sido rejeitado em Portugal, mas foi editado na Bélgica, para o mercado franco-belga. Uma maravilha que mostra bem como D. Carlos tinha razão sobre a “piolheira” que o país é, foi e há-de ser. Lá fora, aplaudem os nossos autores e artistas; cá dentro, os intelectuais “cultos e adultos” deitam pelas janelas talentos e obras magnificas. Por cá, só um livro, por sinal bem difícil de encontrar.

Há hoje génios da BD em Portugal, como Luís Louro, Osvaldo Medina, Ricardo Cabral, Mário Miguel de Freitas, Nuno Duarte, André Caetano – já para não falar nos velhos mestres como José Ruy ou Victor Mesquita.

Maltratada, posta de lado e espezinhada, a banda desenhada ainda é literatura “menor” nos curricula dos programas de Português. Quando há anos se propôs “Persépolis”, uma história francesa autobiográfica de Marjane Satrapi, que retracta a sua infância até aos seus primeiros anos de vida adulta no Irão, durante e após a Revolução Islâmica, rejeitaram. O tomo, vencedor de inúmeros prémios, não bastava às nossas professoras com mentalidade de Enid Blyton. Recebeu galardões das revistas Time, Newsweek, New York Times e The Guardian. Estes últimos escolheram-no para as listas de “melhor livro” do século XX. Mas os professores portugueses recusam-se a deixar entrar a BD no mundo da literatura. Também o fizeram a “Maus”, outra obra prima.

A consciência atávica prossegue. Pode ser que em Outubro, como é moda, se excitem com nada e olhem para a BD com outros olhos. E respeitem Bordalo Pinheiro e o seu Zé Povinho.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:
Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.