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As luzes de Natal custam mais que o bacalhau

Tão bonita a rua do comércio, com aquelas velas que acabam numa chama de néon que acende e apaga e mais parece, na verdade, o gás de um pum soltado na ceia de Natal. Valha-nos a couve bem cozida e o perfume do ovo para mascarar o pum. Não é verdade. Ele há coisa mais bonita do que os quinze dias antes do Natal, com as ruazinhas com pais-natais e Jesuses à janela, e o madeiro, e o cinzeiro do charuto que ‘o meu ti Zé’ fuma sempre entre o brandy da ceia e a abertura dos presentes pela canalha.

Aos lisboetas, então, a alegria é ainda maior. A Câmara do caixa-de-óculos espetou mais de milhão e meio na mão de umas empresas escolhidas pelos varreadores para iluminar as avenidas. Tão bonito. Até há um cartaz ali à sopa do Sidónio, nos Anjos, a dizer que já lá não constam sem abrigo. O cartaz, da tal Câmara, não explica que raio fizeram às pessoas… mas a gente olha para o céu e vê logo um presépio, com o menino tão bem feito que parece um oito com duas sapatas ao contrário.

O Porto? Quase outro tanto, mas divide o mal pelas aldeias: muitos contratozinhos a muitas empresazinhas e lá se vão 700 mil euros – quase tanto como se deve gastar com a limpeza de Serralves ou para esconder os arrumadores de carros.

Dinheirinho para os bairros do Zambujal, da Torre, para legalizar os bairros que estão ilegais há 50 anos? Ah, carago, isso não há. Mas para o barbas gordo que anda a distribuir propaganda, até pagam em MBWay, se preciso for.

Então vamos lá rir com o nosso próprio dinheiro. A Empresa de Águas Efluentes e Resíduos de Braga, E. M., pagou este ano 28 mil euros em “cartões magnéticos” de boas festas. Bonito, não é? Todos comprados à empresa “SFS, Gestão e Consultoria, S.A.”, de que todos ouvimos falar, certo? Aí não? Mas esta empresa já meteu ao saldo mais 190 mil euros para a aquisição de “Fornecimento de cartões presente”, encomendados em 2019 pela Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos, E.I.M.. Entendidos? Não falha nada.

Conhece a LuxStar,Iluminações,Unipessoal,Lda? Não? Aí conhece, conhece. É aquela que cobra €2.400.273,60 (dois milhões e quatrocentos mil euros) à região autónoma da Madeira para a bianual “Construção, montagem e desmontagem das iluminações decorativas das Festas de Natal e Fim de Ano”. É bom, é mais do que a Santa Casa dá naquele jogo do M1lhão.

Já os famosos armazéns “El Corte Inglês” cobraram a bela soma de €1.163.000,00 (um milhão e cem mil euros) à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (e nós a falar dela) por “cartões presente”. Isto, em quatro aninhos de Natal, paga-se o medicamento das gémeas brasileiras.

Mas num bos ides, ainda! Para o “Fornecimento de decoração, sonorização e iluminação de Natal para o Município de Valongo”, sim, Valongo, a empresa OnLuz Iluminações, Lda. leva este ano a bela da massa: €519.000,00 (quinhentos e dezanove mil euros). Ora Valongo, segundo os censos, tem 25.882 (vá 26 mil habitantes). Dá a bela e arredondada quantia de 20 paus por habitante para ver as palhinhas.

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Para acabar – hoooooooo, já?? Há tanta coisa bela que fica por dizer -, saudemos a empresa APS – estudos projectos e montagens de iluminação, lda, que em ajuste directo, no ano passado, cobrou 48 mil euros para iluminar que cidade? Hein? Acaba em “Branco”, são duas palavras e a primeira começa com um “C”. E, segundo a consulta prévia deste ano, será a mesma: 71 mil euros. É mais barato que 48, não é? Aí não? Peço desculpa, sou de letras…

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista, autor, (pré-agricultor).

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