O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou esta quarta-feira que o Presidente norte-americano, Donald Trump, representará um “desafio” para a Europa, mas que os países europeus têm uma posição “muito clara” e estão preparados para enfrentar as decisões do novo mandatário dos Estados Unidos.
Em declarações aos jornalistas, durante um almoço de trabalho em Paris com o Presidente francês, Emmanuel Macron, Scholz reconheceu que o regresso de Trump à Casa Branca, após a sua tomada de posse na segunda-feira, impõe desafios à União Europeia. Contudo, o chanceler garantiu que a Europa sabe o que esperar e como reagir face a estas dificuldades. “Nesta semana, nós estamos frente a uma nova administração americana e o Presidente Trump será um desafio, mas sabemos ao menos o quanto”, sublinhou.
O líder alemão realçou que, apesar dos desafios, a Europa deseja continuar a sua colaboração com os EUA, país com o qual partilha uma longa amizade histórica. No entanto, os países europeus irão analisar cuidadosamente as “decisões anunciadas e já tomadas pelo Presidente Trump”, mantendo uma posição firme em defesa dos seus interesses.
Por sua vez, Emmanuel Macron apelou a uma maior união e ambição por parte da Europa, destacando a necessidade de os países europeus desempenharem “plenamente o seu papel” na construção de uma Europa “forte”, “unida” e capaz de defender os seus interesses, especialmente face à postura dos EUA sob a liderança de Trump. O Presidente francês enfatizou que a União Europeia tem a capacidade de afirmar e defender os seus interesses com base nos seus próprios valores e instrumentos.
O encontro, que teve lugar no Palácio do Eliseu, surge num contexto de crescente polarização na Europa e no mundo. Scholz alertou ainda para o crescimento da extrema-direita nos países ocidentais, que, segundo ele, se foca mais na confrontação e divisão do que na cooperação. “A Europa deve tornar-se mais forte e mais resiliente num mundo em movimento”, afirmou, frisando que a invasão russa da Ucrânia, no terceiro ano de conflito, expõe a necessidade de uma maior coesão entre os países europeus.
A Alemanha e a França, que celebram este ano o 62.º aniversário do Tratado do Eliseu – um símbolo de amizade e reconciliação entre ambos os países –, reafirmaram a importância de uma estreita colaboração entre os dois países para enfrentar os desafios globais. Scholz destacou também a importância de uma agenda para fortalecer a competitividade da Europa, com foco na simplificação da burocracia e no apoio a setores chave como a indústria automóvel, química, siderúrgica, inteligência artificial e o espaço.
O encontro ocorre um mês antes das eleições legislativas alemãs, previstas para 23 de fevereiro, em que o democrata-cristão Friedrich Merz é o favorito. A França espera que, após o processo eleitoral, a Alemanha e a França possam reforçar a sua colaboração, “unindo verdadeiramente a Europa” e dando um novo impulso à integração europeia.
A prioridade para a União Europeia, segundo Scholz, deve ser a competitividade das suas empresas, garantindo também a segurança do continente e reduzindo a dependência estratégica face a outras potências globais.
