Diz-se que a vida nos dá de volta aquilo que lhe damos a ela, mas em bom rigor, devo ter a humildade de reconhecer que ela tem sido muito generosa comigo, dando-me muito mais do que eu lhe tenho dado a ela.
Não me quero tornar demasiado repetitivo mas, com o passar dos anos, o sentimento que melhor me define em relação à vida é o da gratidão.
Afirmo com frequência que me sinto uma pessoa com sorte. É efetivamente isso que sinto e, ao contrário do que se diz, não tem dado assim tanto trabalho.
Aqui chegado, sei que sou o somatório das experiências que vivi e não posso deixar de me sentir um privilegiado por me ter cruzado com tantas pessoas fantásticas que contribuíram decisivamente para construir o meu lado melhor, porque como um dia escreveu Antoine de Saint-Exupéry, “aqueles que passam por nós, não vão sós, deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Amigos generosos e colegas de trabalho dedicados que têm sido referências e referenciais que me têm ensinado de forma natural a diferença entre o certo e o errado e a ser melhor todos os dias. E se nem sempre o tenho conseguido, a responsabilidade é única e exclusivamente minha.
Com a ajuda de todos, sinto genuinamente que o que ficou para trás me deixou mais leve, mas ao mesmo tempo, mais forte e mais bem preparado para os desafios que inevitavelmente ainda irei encontrar mais à frente. Uma espécie de “social fitness” que tem vindo a substituir as gorduras da vida por músculo refinado e seletivo.
Neste momento de reflexão, deixo a minha família propositadamente para último. Por ser importante, o mais importante da minha vida e o verdadeiro pilar que sustenta e motiva a redefinição de objetivos e a renovação da ambição para atingir os patamares que permitirão dar-lhes o conforto que ela(s) merece(m).
Afirmar que sou grato à vida acaba por ser demasiado redutor para a nobreza e a verdadeira dimensão deste sentimento. Talvez tenha de inventar uma definição que mais se aproxime e melhor o explique. “Insustentável leveza da gratidão” é uma adaptação feliz que talvez lhe dê conteúdo, mas em bom rigor, há sentimentos que não se explicam… sentem-se, vivem-se e desfrutam-se. Com gratidão, com muita gratidão.