O comandante nacional de emergência e Proteção Civil, André Fernandes, pediu esta sexta-feira a exoneração do cargo evocando motivos pessoais. Mas, segundo algumas fontes contactadas pelo ORegiões, existia uma guerra “surda” entre o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), José Manuel Moura, nomeado pelo Governo de Montenegro, e o comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, nomeado pelo PS.
O eco dos conflitos entre os dois principais responsáveis ANEPC é agora impossível de abafar com a demissão do comandante nacional de emergência e proteção civil, André Fernandes, que pediu esta sexta-feira “a exoneração do cargo por motivos pessoais”, como disse à Lusa uma fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
A mesma fonte adiantou que o despacho de exoneração de André Fernandes, que regressa à Câmara Municipal de Odivelas como técnico superior de proteção civil, tem que ser agora assinado pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.
André Fernandes ocupava o cargo de comandante nacional desde dezembro de 2020, quando foi designado pelo então ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, sob proposta do presidente da ANEPC da altura, José Manuel Duarte da Costa. Mas com a nomeação pelo atual Governo, em janeiro de 2025, do novo presidente da ANEPC, José Manuel Moura, ficou instalada uma guerra “surda” entre os dois principais dirigentes da Protecção Civil Nacional.
Mas o eco dos conflitos, entre os dois nomeados por Governos diferentes, foi agora impossível de abafar com a demissão de André Fernandes, que já disse à RTP que sai por motivos pessoais e que vai assumir funções na câmara de Odivelas.
Por seu turno, o actual presidente da Proteção Civil, sem nunca falar das divergências existentes, diz compreender a decisão de André Fernandes, de que só teve conhecimento esta sexta-feira.
Fontes ligadas aos bombeiros, o “braço armado” da ANEPC, dissem que já estavam à espera deste desfecho, porque “eram dois galos na mesma capoeira”, lembrando que o actual presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil era o comandante nacional de protecção civil que Margarida Blasco foi buscar para substituir Duarte Costa que estava no cargo desde 2020.
A divergência entre os dois homens fortes da ANEPC começou logo em 16 de janeiro (dia da tomada de posse) com o discurso proferido por José Manuel Moura que continha, nas entrelinhas, algumas críticas à forma como a protecção civil era gerida em Portugal desde 2020.
Na altura, o presidente da ANEPC sublinhou que “a coerência territorial ou a falta dela é os agentes de proteção civil não estarem todos alinhados na mesma divisão administrativa” e deixou “na nuvem” a possibilidade dos comandos distritais de operações e socorro (CDOS) serem reativados.
Estas insinuações de José Manuel Moura, segundo afirmam algumas fontes, aliadas à falta de uma resposta musculada e coordenada, a nível nacional, não “caíram muito bem” a André Fernandes.