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Chega pode conquistar mais de 20 câmaras municipais

O Chega “corre o risco” de conquistar as Câmaras Municipais nos 60 concelhos, onde foi o partido mais votado nas legislativas de 2025, o que vai alterar o “mapa autárquico” português com muitas câmaras. Fala-se que, no mínimo, 21 as câmaras podem ser conquistadas pelo partido de André Ventura, nomeadamente nos distritos de Setúbal e Alentejo (o que era impensável há uns anos), Algarve e Lisboa. No entanto, um antigo candidato do Chega a uma autarquia da Grande Lisboa em 2021 interroga-se: “onde vai o Chega encontrar candidatos para preencher os cargos autárquicos em disputa?”.

O presidente do Chega, que se prepara para liderar a oposição e que pretende criar “um governo alternativo pronto para governar a qualquer momento caso os portugueses sejam chamados às urnas”, está a trabalhar para conquistar a maioria das câmaras dos 60 concelhos que lhe deram uma vitória consolidada.

No entanto, segundo algumas fontes próximas do Chega, André Ventura está a ter problemas “para encontrar quadros” para preencher as listas de candidatos às autarquias, bem como para preencher “as pastas” do Governo Sombra que pretende criar.

Mas com autárquicas à porta e erros de casting para evitar, Ventura voltou a pedir aos deputados disponibilidade para serem candidatos, seja a câmaras ou a assembleias municipais. A maioria dos nomes já foi partilhada pelas estruturas com o líder do partido e nas próximas semanas começarão a ser anunciados alguns nomes.

Com 58 representantes sentados na Assembleia da República, o Chega investe tudo nas próximas eleições, focado num resultado que lhe permita não só uma implementação local mais forte, como consolidar-se como a segunda força política no Parlamento, como também a correção dos erros de casting do passado que deixaram o partido em maus lençóis.

Ventura já deixou claro que ia precisar de toda a gente e que os deputados iam ser chamados para ir às autárquicas, independentemente do tipo de desafio. Nesta equação é recordado que, se por um lado, os deputados de maior confiança de Ventura podem ser lançados para grandes desafios, há também o outro lado da moeda: autarquias maiores dão mais trabalho, até para vereadores sem pelouros, e pode ser difícil conjugar os dois trabalhos no futuro, a somar às questões internas.

Por isso, um antigo candidato do Chega a uma câmara da periferia de Lisboa, defende que “se algum deputado ganhar e for eleito presidente de câmara terá de deixar de ser deputado”. Pelo que Ventura poderia perder nomes importantes e só está disposto a fazê-lo se for uma câmara relevante para o partido. Já no caso de serem eleitos vereadores deve ser mais fácil gerir, mais ainda se não tiverem pelouros.

A aposta nos deputados é considerada normal, já que em várias autarquias, da lista de possibilidades, os candidatos mais conhecidos são os deputados — mesmo que muitos estejam longe de ter esse carimbo a nível nacional.

“O nosso problema é a visibilidade e os deputados têm mais visibilidade do que outras pessoas nesses distritos”, explica outro alto dirigente do Chega, acrescentando que “colocar como candidato alguém que de vez em quando aparece na televisão e ao lado do André Ventura acaba por criar uma ligação mais forte com os eleitores”. Ao contrário, alerta a mesma fonte, seria desperdiçar a oportunidade de ir a votos com quem é mais reconhecido em cada freguesia, em cada concelho, em cada distrito.

Agora, com um partido com 58 deputados na Assembleia da República, mais estruturado e com mais militantes, há a sensação de que as próximas eleições autárquicas têm tudo para correr bem — com a necessidade acrescida de ter um resultado aceitável em Lisboa, que não aconteceu nas últimas eleições, em que o Chega nem conseguiu eleger um vereador — e na primeira vez que vai a votos após umas europeias de má memória.

Agora, André Ventura já admite que o objetivo é conseguir uma “forte implantação” em todo o país, com a “força” e “autonomia” do partido, sem ser através de uma “implantação local artificial às costas ou do PSD ou de outro partido qualquer” — leia-se que o Chega vai sozinho a votos e recusa coligações pré-eleitorais, sendo que, no máximo pode considerar entendimentos “com movimentos independentes ou com movimentos da sociedade civil que tenham sido próximos do Chega”.

Prioridades

Entre as prioridades do Chega está a conquista de “várias capitais de distrito” e do “interior abandonado”, com Ventura a assumir possíveis vitórias nos distritos de Lisboa, Setúbal, Alentejo e Algarve.

Três anos depois de conquistar os primeiros 19 deputados e mais de 300 deputados municipais e membros de freguesia — muitos deles já ficaram pelo caminho —, o Chega tem os olhos postos nos votos conseguidos nas legislativas e no que isso poderia representar em terreno autárquico.

O Chega foi o partido mais votado em 60 concelhos, mas entre esses há 21 municípios que mais facilmente podem passar para as mãos do Chega nas próximas autárquicas: são aqueles em que os autarcas estão em limite de mandato. Olhão e Portimão são os dois casos mais flagrantes — o Chega já vai na segunda vitória seguida em legislativas.

Mas a lista de alvos potenciais para as eleições de setembro incluem também Sintra, o segundo maior concelho do país, Montijo, Vila Franca de Xira, Loulé, Silves, Alenquer ou Sobral de Monte Agraço, onde os presidentes de Câmara estão agora a completar o terceiro mandato consecutivo e não se podem recandidatar (nem foram substituídos na liderança da Câmara por um número dois que seja candidato).

Em Sintra, segundo maior concelho do país, o PS tenta travar a ascensão do Chega com Ana Mendes Godinho, enquanto Rita Matias, uma das figuras mais conhecidas do partido de Ventura, lidera nas sondagens. No domingo, o Chega foi o mais votado no concelho, com 26% dos votos.

A evolução do partido é expressiva: passou de 4,2% nas autárquicas de 2021 para mais de 38% em locais como Vila Real de Santo António.

A ameaça preocupa sobretudo a esquerda, que apela à união. Em Lisboa, negocia-se uma coligação entre PS, Livre, BE e PAN para travar a extrema-direita.

Situação que não preocupa minimamente o presidente do Chega que considera que tem força para “apresentar um projeto autárquico de implantação autónoma e não ir às costas ou ir à boleia de ninguém”. O objetivo é conseguir uma “forte implantação” em todo o país e vencer nos distritos onde teve melhores resultados, reforçando nos restantes.

“O Chega quer ir com a sua força, com a sua autonomia e também com o seu valor político, e por isso nós não queremos uma implantação local artificial às costas ou do PSD ou de outro partido qualquer”, salientou, sublinhando que o Chega tem como meta ser a segunda força política a nível autárquico.

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Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

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