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A madrugada que ninguém quer

No grandioso palco das eleições presidenciais norte-americanas de 2024, assistimos a um espetáculo digno de um “reality show” de proporções épicas. De um lado, Kamala Harris, a vice-presidente que ascendeu ao protagonismo após a retirada estratégica de Joe Biden, qual jogador de xadrez que abdica do rei para salvar a rainha. Do outro, Donald Trump, o eterno “showman” que, após uma pausa para “recarregar baterias” e enfrentar algumas “questões legais”, retorna ao ringue político com a energia de um touro numa loja de porcelanas.

Esta terça, vão a votos e espera-se, a partir da uma da manhã, ja na madrugada de quarta-feira, que os Estados comecem a reportar os resultados incertos.

As sondagens, esses oráculos modernos, têm-se revelado tão fiáveis quanto uma previsão meteorológica em dia de tempestade. Ora apontam para uma vantagem de Harris, ora para um avanço de Trump, deixando o eleitorado numa dança de incertezas. Afinal, como dizia o filósofo contemporâneo, “as sondagens são como os perfumes: agradáveis, mas não se devem ingerir”.

Entretanto, os “debates” têm sido verdadeiros espetáculos pirotécnicos, onde as faíscas verbais voam em todas as direções. Harris, com a sua retórica polida, tenta convencer que é a escolha sensata para liderar a nação. Trump, por sua vez, mantém o estilo inconfundível, misturando promessas grandiosas com ataques fulminantes, numa mistura explosiva que deixa os analistas políticos a coçar a cabeça.

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E não podemos esquecer os “swing states”, esses estados-pêndulo que balançam mais que um barco em mar revolto. Nevada, Carolina do Norte e Wisconsin parecem inclinar-se ligeiramente para Harris, enquanto o Arizona dá sinais de afeto a Trump. Mas, como bem sabemos, no amor e na política, nada é garantido até ao último minuto.

No meio deste turbilhão, o cidadão comum observa o espetáculo com uma mistura de fascínio e exaustão. Entre promessas de um futuro radioso e ameaças de catástrofes iminentes, resta-lhe a esperança de que, no final, a democracia prevaleça e que o próximo ocupante da Casa Branca seja capaz de navegar as águas turbulentas com alguma destreza.

Assim, enquanto o mundo aguarda ansiosamente pelo desfecho desta epopeia eleitoral, resta-nos apreciar o espetáculo, conscientes de que, na política americana, a realidade muitas vezes supera a ficção.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista, autor, (pré-agricultor).

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