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Abrantes tem alternativa

Em 2021 fui candidato à câmara municipal de Abrantes pelo Movimento Independente ALTERNATIVAcom. Recupero hoje o discurso que fiz no dia 4 de setembro desse ano na apresentação pública da nossa candidatura.

“Deixem-me começar de forma pouco convencional. Tenho um imenso orgulho em todos vós pelo contributo que estão a dar na construção da Alternativa que fazia falta em Abrantes. Sem a vossa disponibilidade, sem a vossa motivação e sem a vossa coragem, não era possível estarmos no presente, a preparar um futuro melhor para os jovens de Abrantes. E estamos a fazê-lo, honrando o nosso ADN, a nossa identidade e a nossa assinatura distintiva. Por ser da mais elementar justiça, o primeiro agradecimento da tarde vai para todos vós, por nos ajudarem a fazer acontecer.

Permitam-me agora que contextualize historicamente o nosso Movimento. Tudo começou em setembro de 2019, com pequenas conversas circunscritas entre duas ou três pessoas. Essas conversas acabaram por dar fruto e, pouco tempo depois, no dia 11 de novembro, a Ana Gomes, o João Pedro Céu, o José Rafael Nascimento e o Rui André estavam ao meu lado a apresentar publicamente o nosso Movimento. Apesar de alguns já não pertencerem formalmente ao ALTERNATIVAcom, sem eles e sem a sua motivação inicial, hoje não estaríamos aqui. Não ficaria bem com a minha consciência, se me esquecesse deles neste momento.

Muito aconteceu desde esse dia. Liricamente, deixem-me afirmar, foi a vida a acontecer. Vitórias, derrotas. Ilusões, desilusões. Conquistas, fracassos. Facilidades, dificuldades. Motivação, desmotivação. Mas no fundo, foram todos estes sentimentos que nos fizeram chegar aqui com esta força, com esta coragem, com esta resiliência e com a melhor preparação para enfrentar os desafios do presente e do futuro.

Aqui chegados, permitam-me que faça um pequeno destaque dentro do nosso grupo. Mas antes disso, deixem-me fazer uma curta declaração de interesses. Eu não concordo com a “Lei da Paridade” e considero que, enquanto houver necessidade de ela ser legislada, limitamo-nos a mostrar o nosso atraso social. Mas as coisas são como são e as leis são para cumprir enquanto estiverem em vigor. Refocando-me no destaque, não posso deixar de agradecer a coragem das nossas guerreiras, que prova que no nosso movimento, não precisamos de “leis da paridade” para dar o destaque que as mulheres merecem, estando elas em maioria em cima deste palco como podem confirmar. Para as nossas cabeças de lista que simbolicamente representam todas as mulheres do nosso Movimento, peço a vossa salva de palmas.

Por último, mas não menos importante, uma palavra de apreço e de agradecimento ao inestimável apoio que temos tido por parte dos nossos mandatários. Três personalidades com peso institucional no concelho, que muito nos têm ajudado e honrado com a sua adesão ao ALTERNATIVAcom. Dr. Luís Peixoto – mandatário político, Sr. Aníbal Melo – mandatário sénior e Artur Marques – mandatário para a diáspora abrantina – o nosso reconhecimento e o nosso especial agradecimento. Muito obrigado aos três.

Somos diferentes e assumimos com orgulho essa diferença. O ADN, a marca e a assinatura distintiva que referi anteriormente diz que “nascemos para ser parte da solução e ajudar na construção, sempre com elevação nos modos e profundidade nas ideias”.

Temo-lo feito, seguindo o nosso caminho e os nossos objetivos com respeito pelos nossos valores, ignorando as provocações rasteiras e estéreis e, colocando os superiores interesses de Abrantes, à frente dos próprios interesses do ALTERNATIVAcom.

É por isso que, além dos naturais apoios às equipas independentes do Rui André em Rio de Moinhos e do António José Carvalho no Tramagal, também apoiaremos as candidaturas daqueles que, na nossa opinião, têm o perfil para melhor gerir as suas freguesias. Formalizamos assim o apoio às candidaturas do Álvaro Paulino na União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, do Eduardo Jorge na União de Freguesias de Alvega e Concavada e do António Louro na freguesia de Mouriscas.

Permitam-me agora que faça um breve enquadramento da nossa realidade para percebermos que “nem tudo o que brilha é ouro” e que os problemas, infelizmente, não desaparecem debaixo do alcatrão.

• Temos o maior desemprego absoluto da região, representando 25% do desemprego total do Médio Tejo;

• Somos o concelho da região com maior quebra demográfica, bem como aquele que perde mais população quando comparado com os 114 concelhos com dimensão idêntica a nível nacional;

• Somos o concelho do Médio Tejo que paga a fatura-ambiente da água mais cara;

• Os indicadores na educação revelam números acima da média da região, tanto no insucesso como no abandono escolar.

• Não temos uma sala de espetáculos;

• Não temos uma cultura de preservação do nosso património, sendo o edifício do mercado diário em Abrantes, o Ecomuseu em Martinchel e a Escola das Mouriscas, três tristes exemplos desta realidade.

• Temos uma população cada vez mais idosa, tendo, em 6 anos, passado de 22 para 29% a população residente com mais de 65 anos.

• Temos os centros históricos da cidade e das freguesias urbanas repletos de casas devolutas e em ruínas.

Não nos podemos conformar com esta realidade nem aceitar os argumentos daqueles que o defendem como uma inevitabilidade, e é para contribuir para a inversão desta trajetória de declínio que estamos a trabalhar.

No entanto, para aqueles que continuam a afirmar que não sabem o que é que defendemos, de forma simples, respondo-lhes que queremos recuperar a identidade da nossa cidade e do nosso concelho, que queremos mais empresas e mais emprego, que queremos fixar mais jovens, que queremos mais e melhor educação, que queremos mais e melhor cultura, que queremos mais ação social, que queremos melhor desporto, que queremos melhor comunicação, que queremos melhor aproveitamento das nossas vantagens competitivas, que queremos mais turismo, que queremos mais atenção na preservação do nosso património, ou, se preferirem, em síntese, queremos que Abrantes tenha mais e melhor, para voltar a ser aquilo que já foi, uma cidade conhecida e reconhecida.

Mas também ouvimos e lemos por aí, “querer é fácil, difícil é fazer e saber como fazer”. Apesar de sabermos que não há respostas simples para problemas complexos, damos então algumas pistas, sistematizando muito daquilo que fomos publicando ao longo dos últimos 22 meses.

Em relação à identidade, Abrantes tem potencial para muito mais. Não temos praia, mas a nossa centralidade coloca-nos a menos de uma hora do litoral, a pouco mais de uma hora de Lisboa, a menos de três horas do Porto e a cerca de 4 horas de Madrid. A N2, a N3 a N118 e a A23 são acessibilidades que nos permitem afirmar que “todos os caminhos vão dar a Abrantes”. A ferrovia também ajuda com várias estações distribuídas pelo concelho e somos envolvidos pelos rios Tejo a meio e pelo Zêzere a norte. Em complemento, a nossa gastronomia, a nossa doçaria e a qualidade dos nossos vinhos e dos nossos azeites, bem complementados por um aumento da quantidade e da qualidade da restauração, dão a Abrantes uma vantagem competitiva que tem de ser aproveitada e comunicada.

Em relação às empresas e ao emprego, urge repensar o modelo de desenvolvimento económico do concelho, dinamizando e promovendo as suas 3 Zonas Industriais – Abrantes, Pego e Tramagal – através de:

• uma procura ativa de investimento externo;

• um estímulo ou criação de condições para todos os empresários que já cá investem, mas que têm a ambição de expandir ou fazer crescer os seus negócios;

• criação ou dinamização de um gabinete ou de um dossier do investidor;

• e uma agilização nos processos de licenciamento.

Acreditamos que estas medidas simples podem ajudar a estimular a atividade económica, com resultados, diretos e imediatos, no aumento do emprego do concelho.

Em relação ao preço que pagamos na fatura-ambiente da água, garantindo que manteremos o SMAS como património que deve orgulhar todos os abrantinos, é possível fazer mais e melhor se soubermos otimizar os recursos e renegociar os contratos existentes. Se nos derem a vossa confiança, já assumimos o compromisso de baixar a fatura paga por todos nós, entre 15 a 20%.

Diversificando a oferta no ensino superior, adaptando-a à nossa realidade e às nossas necessidades locais, ficaremos mais perto de dar resposta às necessidades colocadas pelo aumento expectável no desenvolvimento económico.

Com ambição, visão estratégica e com os apoios financeiros que vão chegar nos próximos anos, é possível ousar sonhar com uma sala de espetáculos moderna e funcional, que seja um verdadeiro Centro Cultural e que nos permita acreditar e realizar uma “Cultura de Cultura”, que albergue a “Casa do Artista” e que nos distinga como a verdadeira capital cultural da região.

Dinamizando e promovendo os apoios e incentivos às Áreas de Reabilitação Urbana, ficamos mais perto de devolver a vida aos Centros Históricos, passando a ter casas disponíveis para serem habitadas, dando também uma resposta à procura dos jovens que escolhem Abrantes para seguirem as suas ambições académicas.

Acreditamos que a implementação destas medidas, travarão a hemorragia demográfica, contribuindo para dar a alternativa que, neste momento, os jovens não têm para ficar por cá e, começaremos assim, a rejuvenescer a nossa população.

Perguntar-me-ão, e recursos para fazer isto tudo? Responder-vos-ei, nos últimos 4 anos, o orçamento da Câmara Municipal de Abrantes ascendeu a 147 milhões e 300 mil euros.

Sem apoios extraordinários, se olharmos para o futuro num cenário de 3 mandatos autárquicos – 12 anos se preferirem, estaremos a falar de 500 milhões de euros. Pensemos nisto. Com programa, com estratégia e com a devida gestão de prioridades, Abrantes tem Alternativa e tem futuro.

Antes de terminarmos, deixem-me fazer um pedido aos órgãos de comunicação social aqui presentes. Sem querer interferir na vossa gestão editorial, pedia-vos que destacassem o que vou dizer a seguir.

Um dos principais objetivos da criação do Movimento ALTERNATIVAcom foi a construção de um projeto em que as pessoas se revissem e onde sentissem que tinham a Alternativa que Abrantes precisa e merece, tendo nascido também com o objetivo de devolver a esperança e de credibilizar a política.

O apelo que faço neste momento, é destinado a todos aqueles que se têm vindo a demitir de exercer a sua cidadania e o seu direito ao voto. Ao contrário daquilo que muitos creem, cada voto conta, e se cada um de nós tiver a capacidade de influenciar os núcleos onde interagimos – refiro-me ao familiar, ao profissional e ao social, podemos, em conjunto, derrotar a abstenção. Até ao dia 26, façamos desta, a nossa missão. Se formos bem-sucedidos, estamos a prestar um grande serviço cívico à nossa comunidade e a dar uma grande vitória à democracia.

Peço-vos, no dia 26 de setembro, vamos todos votar.

E não se esqueçam, vale a pena ousar sonhar, acreditar e realizar. Esta é uma “Missão Possível” porque Abrantes tem Alternativa!

Contem connosco, nós contaremos sempre convosco.”

Foi este o discurso que tive oportunidade de fazer no dia 4 de setembro de 2021. Porque é que o relembro no dia 2 de julho de 2025? Porque ele não perdeu atualidade e porque, como podem confirmar, ele ainda serve de referência a muitos que gravitam por aí. Mas não se deixem enganar quando tiverem de escolher entre o original e a cópia. Que decidam em consciência.

Abrantes tem Alternativa.

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Vasco Damas
Vasco Damas
Tem 54 anos e vive na vila de Tramagal (Abrantes). É consultor imobiliário, tendo exercido funções de gestor no ramo da distribuição de materiais de construção e bricolagem, onde liderou equipas e contribuiu para o crescimento das pessoas, levando-as a ultrapassar os limites que julgavam ter. Valoriza o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar (seu porto de abrigo), o convívio com os amigos e a atividade cultural e desportiva, jogando nos veteranos dos Dragões de Alferrarede.

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