A comissão de inquérito sobre se há ou não extraterrestres continuou, a semana passada, a dar-lhe forte e feio. Segundo os especialistas ouvidos – e já foram muitos e hão-de ser mais -, andam para ai os Objectos Voadores Não Identificados (OVNIS) e são mais do que as mães. Os américas dizem que esses voadores desconhecidos são “uma ameaça à segurança nacional” e, por isso, apertam com os especialistas que vão depor lá na Assembleia da República.
Na última sessão os quatro senhores, que são conhecedores reconhecidos e cientistas respeitados, dizem que os Estados Unidos têm, congelados, CINCO espécies de extraterrestres diferentes. Acrescentam que o Exército anda ao ferro-velho, pois que vai buscar os salvados das naves e afiançam, ainda, que há filmagens a cores e em alta definição dos passarocos vindos de Andrómeda. Aludem ainda que estes OVNIS andam em todo o lado: no céu, na terra e, agora, até brotam do fundo do mar, a assustar helicópteros e aviões.
Em laboratórios secretos, sustentam, os engenheiros americanos (e não só) tentam fazer a chamada “engenharia ao contrário”: isto é, desmontam o ovni para perceberem como funciona aquela tecnologia.
Bom, há que acalmar os américas e ninguém melhor do que os portugueses para o fazer. Desconfiam? Ora, cá vão três casos nacionais de que ninguém pode duvidar e que explica bem como se lida com estes verduscos ou acinzentados com olhos de carneiro mal morto.
Comecemos pelo caso do meio e que ilustra este texto: “O Charuto Acabaçado”. Em Ferreira do Alentejo, a 14 de Agosto de 1995, andava um pastor a fazer o serviço quando olhou para o céu e viu “um objecto a pairar assim em forma de charuto acabaçado”. O homem, que de cubanos percebia pouco, não se pôs a adivinhar se seria uma nave Cohiba ou Montecristo. Levantou-se e bradou-lhe com o cajado numa mão e a navalhita na outra. A nave espacial, vinda de Alpha Centauro directamente para Ferreira, numa viagem que não se percebe lá muito bem, alçou do leme, meteu a terceira e fugiu. Ainda foi vista na Fuzeta (dizem), mas nunca mais cá mostrou os motores superhiper.
O segundo caso, mais antigo, é o da perseguição fenomenal. Diziam os jornais que “três pilotos militares, devidamente treinados, afirmam ter visto um objecto estranho em forma de ovo metálico com três metros de altura e dois de largura na Serra de Montejunto. A história do não identificado, ocorrida em 1982”, ainda está por explicar. Mas que raio é isto? Há lá frigideira ou sertã que estrele um ovo de três metros? Andam a gozar connosco? Ou pensam que temos água a ferver nas furnas que dê para escalfar uma coisa com dois metros de largura? Ide de volta para o planeta Capoeira e deixai a malta em paz. Caso resolvido.
O último, e o melhor, diga-se, é o famoso OVNI de Alfena. Batiam as oito e meia da manhã quando uma nave intergaláctica cruzou milhões de anos-luz espaço-tempo afora para ir a Alfena, cidade pequenina e arrabalde do Porto. Lá chegada, e com forma de betoneira, andou ali a pairar, a pairar… até deu tempo para ir a casa buscar a máquina e tirar fotos (estão na net). Mas o caso acaba mal para os Invasores do Espaço. Ao aproximar-se de um prédio em construção e incomodar os maçons e os electricistas que tinham acabado de entrar ao serviço e só iam na segunda jola, irritaram-se com o pairador. Resultado? Começaram a aturar tijolo contra a Estrela da Morte Galáctica. Os ETs, sem saberem o que era uma Super Bock, arrearam
logo para as profundezas do cosmos, não sem antes levarem um tijolo – que ainda hoje é estudado pelos seus cientistas como a mais poderosa arma do Universo.
Há mais. Todos os que aqui contei podem ler, com pormenor, na Net.
Por isso um de nós tem de ir lá aos Estados Unidos, descongelar os mexicanos, hondurenhos, marroquinos, indianos e chinês que têm presos, explicar que os restos não são de naves mas sim do Citroen BX vermelho do Cavaco e acalmar. Senão o Trump ainda lança uma armada contra Saturno e lá se vão os anéis.