Há dias, um amigo que simpatiza com o Movimento ALTERNATIVAcom – mas que está muito desiludido com a democracia e revoltado com os políticos do “sistema” – fazia-me o elogio da linguagem truculenta e ofensiva associada ao comportamento brigão e sarrafeiro da malta mais extremista. Prescrevia, mesmo, o recurso a essa linguagem e comportamento para lidar com a maioria socialista que se alcandorou ao Município de Abrantes, há cerca de quatro décadas.
Perguntei-lhe se era assim que se vencia eleições e se desalojava (ou extirpava) um poder instalado (ou incrustado) há tantos anos, o tempo de duas gerações que não conheceram outro governo local. Respondeu-me que não sabia – mas que também não queria saber! – pois, o que era preciso, era “lidar assim com eles”.
Perguntei-lhe, então, se o ALTERNATIVAcom não estava a fazer oposição a sério – com espírito combativo e competência, fundamentando assertivamente as críticas e apresentando boas soluções alternativas. Disse-me que sim, que éramos a única força verdadeiramente opositora, sempre ativa e interventiva no escrutínio do poder e na formulação de propostas que davam voz aos cidadãos e, se fossem aplicadas, promoveriam a cidade e o concelho.
Rematei, finalmente: “Se achas isso, por que razão alguns – que pensam como tu – não convergem no apoio ao ALTERNATIVAcom e parece que estão à espera de um D. Sebastião que ofereça a Abrantes a alternância de que tanto precisa? Por que razão trocam uma solução conhecida, segura e de confiança, por uma aventura imprevisível, conflituosa e instável, que já mostrou o que (não) vale em concelhos vizinhos?”.
Está-se mesmo a ver a resposta que me deu: “É que vocês são muito brandos, é preciso engrossar a voz com eles!”. Voltei, então, a insistir: “E isso de vociferar, só por si, muda alguma coisa? Tira-os do poder? Garante uma boa governação e um melhor futuro?”. E o disco, se virou, tocou o mesmo: “Não me interessa, é isso que eles precisam, que lhes digam as verdades na cara!”.
Fiquei, uma vez mais, esclarecido: o que alguns querem é “fogacho”, não trabalho a sério; é “vingança”, não o bem-comum; é “descarregar a bílis”, não construir uma alternativa credível que melhore, efetivamente, a vida das pessoas. A diferença entre uma motivação e outra, entre uma postura e outra, chama-se RESPONSABILIDADE e vem da maturidade e do discernimento. Quem já provou que a tem?