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Dinheiro, Espetáculo e Negacionismo

Todos os dias são conhecidos possíveis nomes para constituirem o governo de Trump, não sabemos quais serão as escolhas definitivas, mas todos andam à volta de perfis semelhantes: magnatas (Elon Musk), figuras públicas ligadas ao espetáculo (para a defesa vai Pete Hegseth, apresentador da Fox News), conservadorismo e negacionismo. E todos são YES SIR, todos serão fieis seguidores das ordens do patrão. E é esta considerada a “mais perfeita democracia do mundo”, onde os tais Checks and Balance impediriam que a política do presidente se exercesse sem controle!

Como aceitar que uma democracia invada ou intervenha militarmente em outros países (só depois de 1990 foram os casos do Kwait, Iraque, Indonésia, Jugoslávia), rebente bombas atómicas desnecessariamente (Iroshima e Nagasaki), apoie genocídios (Israel)? Sim, foi povo que elegeu Trump e os outros presidentes americanos, mas isso legitima todas as suas ações?

Trump ganhou, vamos ver o que acontece. A imprevisibilidade é total, depende do que passar pela cabeça do chefe que diz ir gerir o país como uma empresa, como se fosse um negócio. As razões porque foi eleito são variadas, o funcionamento da amálgama eleitoral é complexa, num país onde a pobreza e as injustiças sociais subsistem, lado a lado, com defensores da supremacia branca e despedimentos causados pelo enfraquecimento das condições económicas.

O tal país que foi criado por imigrantes, vai deportar milhões; os serviços de saúde são um caos e caríssimos, mas vai ser ainda mais privatizada (Dr. Oz Show), bem como a educação (a escolha de Trump, McMahon, ex-chefe de eventos de ‘luta livre’, apresenta-se como “defensora feroz dos direitos dos pais” em entidades de extrema-direita); negam-se as alterações climáticas e a necessidade das vacinas; desvaloriza-se quem luta pelos direitos das mulheres e das minorias; na justiça o objetivo é desculpar os crimes de Trump (procurador Matt Gaetz); afirma-se que a segurança aumenta com a liberdade de ter armas em casa; aposta-se no isolacionismo económico, negando as vantagens da globalização.

Esta minha apreciação – bem negativa – do funcionamento dos EUA, não significa desqualificação desse grande país, apenas realço que a subserviência da Europa aos EUA não me parece decisão acertada…

Cada país funciona da forma que entende, vem muito de trás a ideia de que “os estados não se devem imiscuir, direta ou indiretamente, nos assuntos internos dos outros estados” (artigo 2.º n.º 7 da Carta da Nações Unida). Claro que há questões de fronteiras e outras que, quando não ficam bem resolvidas, podem levar a que existam conflitos armados, mas isso deverá ser evitado a todo o custo, apostando em conversações.

Em política externa (Marco Rubio, filho de emigrantes cubanos), Trump apresenta-se como encarando a China, Cuba e o Irão como inimigos principais. Será possível ter alguma esperança que consiga acabar, de uma forma justa, com a guerra na Ucrânia???

Entretanto Biden, presidente cessante, de uma forma, digamos, cobarde, “passa uma rasteira a Trump” e autoriza o uso de armas de longo alcance e de minas anti-pessoais pela Ucrânia, escalando a guerra. O farol da democracia é um antro de guerrilhas entre presente e futuro presidentes! Que outras manobras irão existir de parte a parte, até ao dia 20 de janeiro de 2025, data da posse de Donald Trump como o 47.º presidente dos Estados Unidos, na Frente Oeste do Capitólio dos Estados Unidos em Washington, D.C?

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Joaquim Correia
Joaquim Correia
“É com prazer que passo a colaborar no jornal Regiões, até porque percebo que o conceito de “regiões” tem aqui um sentido abrangente e não meramente nacional, incluÍndo o resto do mundo. Será nessa perspectiva que tentarei contar algumas histórias.” Estudou em Portugal e Angola, onde também prestou Serviço Militar. Viveu 11 anos em Macau, ponto de partida para conhecer o Oriente. Licenciatura em Direito, tendo praticado advocacia Pós-Graduação em Ciências Documentais, tendo lecionado na Universidade de Macau. É autor de diversos trabalhos ligados à investigação, particularmente no campo musical

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