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Entre os grandes e os últimos

“Dirijo-me aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre atual: guerra nunca mais!”, afirmou o Papa Leão XIV no passado domingo, desde a varanda central da Basílica de São Pedro, no Vaticano. No mesmo dia, o padre João Miguel Silva, agostiniano, revelou que “o primeiro trabalho do Papa Leão XIV, enquanto ainda padre na diocese de Chiclayo, no Peru, foi para estar com os últimos, numa opção preferencial pelos pobres”.

Duas referências fundamentais, portanto, no discurso e prática do novo Sumo Pontífice: os “grandes” e os “últimos”. Em que os grandes não são necessariamente os “primeiros” ou mais “fortes” e os últimos não são inevitavelmente os “pequenos” ou mais “fracos”. Mas que, entre os grandes e os últimos, existe todo um povo de Deus que se quer unido, amado e incluído, com suficiente força e coragem para vencer os obstáculos e dificuldades.

Entre os grandes e os últimos – falemos de património natural vs edificado, de gastronomia tradicional vs gourmet, de cultura popular vs erudita, ou de massas humanas vs elites proeminentes e influentes, com a pivotal e estratégica “classe média” de permeio – há toda uma panóplia de camadas, diversas e sistémicas, que configuram um equilíbrio ou ecologia imprescindível à vida e enriquecedora da sua qualidade. Querendo dos últimos fazer grandes, sem dos grandes fazer últimos.

Estas referências devem também servir outras dimensões da nossa vida coletiva, incluindo a política. “Todos, todos, todos” foi a expressão usada pelo antecessor de Leão XIV, o saudoso Papa Francisco, para reforçar a ideia de inclusão e abrangência, com um sentido de igualdade e universalidade. Que ninguém seja posto de lado ou deixado para trás, todos precisamos de todos, sem nos deixarmos vencer por estereótipos, preconceitos ou discriminações negativas.

A diversidade é inerente à vida e condição de sobrevida das espécies humanas e não-humanas. Preservá-la não é opção, é obrigação. Vale para as ideias e opiniões, assim como para as etnias e culturas humanas. Vendo nessa pluralidade riqueza, oportunidades e benefícios, e não privação, ameaças ou prejuízos. Amanhã teremos a oportunidade de eleger quem melhor garanta essa diversidade e pluralidade, que tanta falta nos faz ou nos pode ajudar a desenvolver em múltiplas dimensões. Aproveitemo-la.

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José Nascimento
José Nascimento
Tem 68 anos e vive na aldeia de Vale de Zebrinho (Abrantes). Reformado do ensino superior, onde lecionou disciplinas de gestão e psicologia social, dedica o seu tempo à atividade cívica e autárquica. É, também, membro do núcleo executivo do CEHLA – Centro de Estudos de História Local de Abrantes (editor da Revista Zahara). Interessa-se pelas dinâmicas políticas e sociais locais e globais, designadamente pelos processos de participação e decisão democráticos.

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