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Família e Amigos ou Simplesmente Natal

Bem sei que é quase Natal mas também sei que estão todos cansados de crónicas repletas de luzes e de brilhos tradicionais da época. Por causa disso, para não correr o risco de me repetir e para não vos maçar fiquei sem saber sobre o que dissertar.

Pode parecer poesia em prosa, mas é sem intenção, muito menos crendo passar a imagem de parecer ser mais do que realmente sou.

Tento fugir ao momento recuperando uma memória recente onde ouvi alguém dizer numa palestra a que assisti por estes dias que os verdadeiros amigos são aqueles que não se sentem agredidos pelo nosso sucesso ou pela nossa felicidade.

Dá que pensar e é triste perceber o tamanho da verdade encerrada nesta reflexão. É triste percebê-lo em qualquer dia, é mais triste percebê-lo por estes dias.

Dá também vontade de dizer que os verdadeiros amigos são apenas os amigos de verdade. Pode parecer a mesma coisa ou simplesmente um jogo de palavras mas se refletirmos um pouco acabamos por concluir que todos os outros são apenas conhecidos, nunca chegarão a ser sequer amigos.

E a verdade é que esta também é a época onde naturalmente se selecionam as amizades. Natal é família, de acordo, mas também é amizade e não nos esqueçamos que a família não se escolhe, ao passo que em relação aos amigos, já temos essa faculdade.

Quando me refiro aos amigos refiro-me àqueles que recordamos com naturalidade e sem esforço nestes momentos de festa. Mesmo àqueles que não vemos há meses ou mesmo há anos. Principalmente esses, que apesar da ausência física, permanecem obstinadamente nas nossas lembranças mais bonitas.

Alguns deles até sabemos que nunca mais os veremos porque as voltas da vida levou-os definitivamente para longe de nós. Mas apesar da saudade, por vezes quase física, alegra-nos saber que continuam connosco enquanto fizerem parte das nossas lembranças.

Natal também é isto. Alegria da presença, nostalgia da ausência.

Mas a vida continua. Continuará sempre. De preferência com família e amigos, aproveitando o sentimento da época para nos deixarmos contagiar.

Como aconteceu agora comigo. Comecei por escrever que não mas acabei por me deixar contagiar, porque quando o sentimento é genuíno, o contágio acaba por ser natural.

Em síntese, penso que Natal é muito isto e se assim for, não resistamos, deixemo-nos então contagiar.

Boas Festas para todos.

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Vasco Damas
Vasco Damas
Tem 54 anos e vive na vila de Tramagal (Abrantes). É consultor imobiliário, tendo exercido funções de gestor no ramo da distribuição de materiais de construção e bricolagem, onde liderou equipas e contribuiu para o crescimento das pessoas, levando-as a ultrapassar os limites que julgavam ter. Valoriza o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar (seu porto de abrigo), o convívio com os amigos e a atividade cultural e desportiva, jogando nos veteranos dos Dragões de Alferrarede.

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