De vez em quando partilho as minhas reflexões sobre o 4º poder que, em democracia, devia funcionar como um regulador dos outros três poderes – o legislativo, o executivo e o judiciário.
Invariavelmente chego à conclusão que as democracias estão fortemente ameaçadas porque a dependência financeira do suposto 4º poder retira-lhes, efetivamente, quase todo o poder.
Um 4º poder que serve os restantes poderes não é o poder que precisamos porque, ao esvaziar-se da sua função, deixa de nos servir a todos nós. Esta é uma realidade mundial, mas não deixa de o ser a nível nacional e a nível local.
Talvez assim se perceba melhor o estado a que chegámos e se explique parte da falta de motivação e de vontade para que ele seja alterado. Praticamente deixou de haver quem defenda a causa pública porque a regulação que, ética e deontologicamente, deveria ser exigida e norteada, corre o risco de entrar em rota de colisão com o equilíbrio financeiro que garante a continuidade dos conteúdos mesmo que eles se encontrem vazios de conteúdo.
Por vezes há que encher de nada para que não haja tempo ou espaço para se falar ou escrever sobre o que incomoda. E na dúvida temos sempre a oportunidade de legitimar as opções editoriais.
Aprenderam a conviver em bonança permanente fintando as tempestades com a execução de malabarismos que permitem equilibrar os equilíbrios quando se exigia que eles fossem desequilibrados.
O meu otimismo acredita na circunstância e repudia a conjuntura. Apesar dos sinais e dos resultados continuo a querer acreditar na distração. Mesmo depois de confrontado com provas do passado que mostram que há “fabricação de produtos” com o objetivo de manter a convivência saudável e controlável.
O meu otimismo ainda acredita nas pessoas apesar de acreditar cada vez em menos pessoas. Há aquelas que conheço e em quem ainda deposito a minha esperança. Para que recuperem o poder executivo e façam renascer o 4º poder.
Pela sua espinha dorsal e pelo resgate da nossa crença na sociedade e nos quatro poderes.