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Ordenado da “Nossa senhora CR7”: 500000/dia

Nota prévia: no planeta capitalista em que vivemos, com a corrupção à solta, agiotas contentes e manipulação dos pobres, o dinheiro privado é privado. Por mim, não seria assim, mas eu pouco valho e ninguém me perguntou nada. Portanto, quem tem dinheiro faz dele o que quiser. Seja o Sócrates seja o Ronaldo.

Mas ao saber que o vetusto jogador vai ganhar 500 mil euros por dia no clube das arábias, aos 40 anos, arrepia-me a pele. Não consigo olhar para o homem Cristiano com bons olhos e bom ar. Não lhe invejo nada, mas a primeira coisa que me veio à cabeça foram os dois milhões de portugueses que não conseguem aquecer as suas casas no Inverno. A segunda foi que a filantropia verdadeira, perante fortunas colossais, não deve ser esquecida – principalmente nos valores da Doutrina Social da Igreja, coisa que o homem Cristiano pode ou não saber o que é.

Falo do homem Cristiano para não o confundir com o jogador, a quem chamaremos CR7, para facilitar.

O clube de futebol que tem dinheiro para pagar isto é detido em 75 por cento pelo príncipe Mohammed bin Salman bin Abdulaziz Al Saud, presidente da empresa “PIF”, que detém 75 por cento do clube, uma das financeiras mais especulativas de todo o Médio-Oriente e, claro, do Mundo. Esta empresa, detida pelo Estado da Arábia Saudita faz tudo: imobiliário, seguros e resseguros, saúde privada. Financiamentos, venda de produtos financeiros, aeroportos, automóveis… enfim, imagine e, decerto, eles têm. É uma fachada da Arábia Saudita, uma das muitas, para onde o dinheiro do petróleo vai a lavar e a procriar. Há ainda 25 por cento do clube Al Nassr que é detido pela Fundação “Al Nassr Non-Profit Foundation”, onde, à antiga americana, se escondem os lucros de toda a gente.

Ora, sempre cuidei de trabalhar para pessoas que me davam uma ligeira garantia de que o meu ordenado não vinha da exploração humana, do tráfico de droga, da usurpação do poder. Sim, havia de existir qualquer negociata, qualquer jogo financeiro, mas uma pessoa queria sentir-se limpa, ou mais ou menos limpa. Não sei se o homem Cristiano liga muito a quanto ganha o seu alter-ego CR7 e de onde vem o dinheiro que lhe paga a incomensurável fortuna. Não sei se ele chega a pensar nos putos e nos outros escravos usados pêlos sauditas nas suas riquezas. Não me passa pela cabeça se o homem Cristiano consegue dormir descansado sabendo que aquele país é a origem dos grandes grupos terroristas sunitas e, até, de alguns, poucos, xiitas.

Na verdade, eu nem sei se o homem Cristiano pensa nestas coisas, ou se só pensa na bola, na relva, no dinheiro que vai ser dele e na balconista. Mas mete nojo a desigualdade. Ainda por cima paga por um regime caduco, que não respeita os mais básicos direitos humanos, que faz festas para decapitar homossexuais, como dantes se fazia às bruxas.

Sinceramente eu não dormia descansado. Mas nunca marquei um golo nos jogos de escola. Era mau e ia à baliza. E nunca conheci um saudita.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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