O craque formulou-a e a expressão ficou: “Prognósticos só no fim do jogo”. Referia-se, claro, ao jogo que se pretendia prognosticar, mas, parafraseando o outro, “jogos há muitos, seu palerma!”. E, se o jogo eleitoral terminou e já podem ser feitos os tais “prognósticos” – na verdade e em bom rigor, análises – o jogo pós-eleitoral ainda agora começou e já se pedem prognósticos. Como irá decorrer, genericamente, este mandato de quatro anos?
Comecemos por observar os resultados das eleições autárquicas em Abrantes. Em 2021 votaram 17.242 eleitores, tendo-se abstido 14.349 (45,42%), enquanto em 2025 votaram 18.966 eleitores (mais votantes, apesar da diminuição da população), tendo-se abstido 11.837 (38,43%). O quadro seguinte mostra o número de mandatos obtidos pela maioria/oposição em cada órgão, em 2021 e 2025, com a cor a indicar a força política no poder (a rosa o PS, a laranja o PSD/AD e a azul ou verde um GCE).
Entre alguns ganhos e perdas que se equilibram, o domínio do PS foi absoluto, apesar da perda de 551 votos (cerca de 6%). O PSD/AD aumentou substancialmente a votação (quase duplicou na Assembleia e mais que duplicou na Câmara, confirmando o candidato eleito como uma mais-valia), ganhou um vereador ao PS (fica com 2) e reforçou em 50% o grupo municipal na Assembleia (passa de 4 para 6). Note-se que o PS, com maioria relativa na Assembleia Municipal, consegue manter a maioria absoluta por ter mais Presidentes de Junta.
O Chega elegeu um vereador (pela primeira vez) e 3 membros na Assembleia (tinha 1), o ALTERNATIVAcom perdeu o vereador que tinha e reduziu para metade a sua presença na Assembleia (ficando apenas com 1 representante) – apesar de contar com alguma votação bloquista (o BE não se candidatou em 2025) – e a CDU, apesar da forte campanha que realizou, continuou a perder votos, segurando, no entanto, a fraquíssima representação municipal que já tinha.
No essencial, parece nada ter mudado em Abrantes em matéria de governação autárquica (município e freguesias) e de representação na Assembleia Municipal. Há, no entanto, mais representação de setores da população que se têm mantido nas franjas do sistema democrático, nomeadamente alguma juventude atraída e candidatada pelo PSD/AD e alguns segmentos iliberais da população, atraídos e candidatados pelo Chega. Uns e outros terão, agora, de mostrar o que valem (se os cidadãos o exigirem).
É de esperar, pois, que o PS mantenha a sua péssima postura e desempenho (é essa a minha avaliação e não vejo razões para alterá-la), continuando a conduzir Abrantes para a irrelevância e inviabilidade territorial. Ninguém de bom senso poderá esperar que aqueles que, com a sua incapacidade e incompetência, impuseram políticas autárquicas desastrosas, passem agora a governar com sensatez e proficiência. Como diz o ditado popular, “pilriteiro que dás pilritos, porque não dás coisa boa? Cada um dá o que tem, conforme a sua pessoa”.