Dando crédito às palavras atribuídas a Confúcio, “todos temos duas vidas. A segunda começa quando percebemos que apenas temos uma.” Atrevo-me a afirmar que estas sábias palavras apenas pecam por estar desatualizadas, porque, devido ao aumento da esperança de vida e dos novos ritmos dessa mesma vida, haverá quem tenha três, quatro, cinco e mais vidas para viver dentro da própria vida.
Podemos ser apanhados de surpresa ao ser empurrados sem aviso prévio para fora dos limites das nossas rotinas, mas também podemos estar atentos aos sinais que a vida nos vai dando para nos irmos preparando para vivermos em pleno e sem angústias as segundas, as terceiras ou as enésimas vidas da nossa vida… valorizando as boas experiências e aprendendo com as outras.
A verdade é que a vida está cheia de coisas boas e normalmente ela é muito melhor do que a forma com que a costumamos percecionar. Também é verdade que ela se encontra minada de coisas rasteiras e sub-reptícias e, talvez seja ser por isto, que nem sempre lhe damos o merecido valor.
Dizendo-o de outra forma, haverá uma tendência natural para desvalorizar o bem que temos e para exponenciar o mal que nos acontece e, é por isso que muitas vezes não precisamos mudar muito para que tudo melhore. Basta mudar a perspetiva ou o olhar com que observamos a realidade ou vivenciamos as nossas experiências.
Seja como for, uma abordagem positiva em conjunto com a construção de cenários alternativos que nos preparem para o inesperado, permitem-nos manter o passo firme quando, ou se, a vida nos trocar as voltas.
Bem sei que há perdas que são insubstituíveis, e que, por isso, são irreparáveis, mas a maioria das outras acontecem para que reajamos e cheguemos aonde não ousaríamos se nos mantivéssemos dentro dos limites das nossas rotinas, que é como quem diz, perder para ganhar se em tempo útil tivermos preparado o inesperado.
A preparação dá-nos o treino e a atitude faz a distinção entre aqueles que são vencedores. Mas não ignoremos que há aqueles que ganham mesmo perdendo, e há aqueles que perdem e fazem perder mesmo quando parece que ganham, porque nem se tudo se reduz à linearidade da aritmética.
Há que olhar para lá do óbvio e preparar o inesperado. Com insistência, resiliência, competência e sempre conscientes que há derrotas que preparam as vitórias futuras.
Não esqueçamos que as grandes caminhadas começam com o primeiro passo e que as maratonas nunca se ganham nos primeiros cem metros. Sejamos conscientes que o futuro se começa a conquistar no presente com a força da coerência e das ideias. E com paciência. A paciência daqueles que se preparam para o inesperado.