Ao longo do meu percurso de vida fui-me cruzando com vários tipos de pessoas cujos perfis se podem encaixar em determinadas categorias. Aquelas sobre as quais pretendo partilhar a minha reflexão de hoje enquadram-se na categoria dos seres superiores.
Numa fase inicial, olhava para estes seres superiores com admiração e tinha perante eles uma atitude quase de veneração. Mas o tempo foi passando e os olhos foram-se abrindo, que é como quem diz, o intelecto foi-se desenvolvendo e, numa fase mais avançada, onde o pensamento perdeu a vergonha e começou a desenvolver-se sem pedir autorização, comecei a detetar algumas imperfeiçoes nestes seres superiores.
Apercebi-me que seguem um padrão. Estão sempre disponíveis para aparecer e fingem ter uma humildade que não conseguem esconder atrás de uma pretensa superioridade moral e intelectual. Acredito mesmo que esta crença numa superioridade moral e intelectual faz parte da estratégia e que ela é exibida de forma ostensiva para colocar os outros no seu devido lugar.
Apercebi-me também que são coerentes na incoerência, defendendo uma coisa e o seu contrário de acordo com as circunstâncias e com os seus interesses. São normalmente cobardes, sendo fortes com os fracos e fracos com os fortes, “gritando” argumentos em guerras alheias e silenciando a razão nas lutas próprias.
Estes seres superiores julgam-se mestres na arte da sapiência, encarnando o papel de “tudólogos” dos tempos modernos, acreditando que achamos que nunca se enganam e que raramente têm dúvidas.
Ainda há quem pense assim e que os mantenha a gravitar no olimpo social, mas também há, e pelo que me vou apercebendo, cada vez mais, quem comece a perceber quem são, o que são e ao que vêm.
Pensam que não sabemos que são guardiões do sistema que os tem alimentado e que estão na linha da frente para atacar tudo o que possa comprometer a estabilidade desse mesmo sistema, usando argumentos falaciosos e alertando para falsos perigos de uma mudança de algo que demorou muito tempo a construir.
Continuam organizados, dividem o trabalho e atacam de forma orientada e organizada. O que não esperavam era serem surpreendidos porque, ao mudarem-se os tempos, parece que também se começam a mudar as vontades, e, o medo e a subserviência militantes parecem menos exuberantes e a horda de “yes man” menos numerosa.
Na verdade, alguns, são apenas ridículos e não passam de “patetas alegres”, mantendo-se na linha da frente da provocação, fazendo o trabalho sujo para quem lhes garante o “emprego” da família.
Não sou ingénuo e sei que eles continuam por aí à espera do momento certo para continuar a minar o caminho, mas também sei que novas ideias fazem nascer novas simpatias e que a coragem contagia, constrói a confiança e faz desaparecer o medo.
E quando isso acontece, os cenários alteram-se e estes seres superiores correm seriamente o risco de regressar à sua verdadeira dimensão.