A administração da Trust In News (TIN), grupo de media proprietário de 16 publicações de referência em Portugal, anunciou hoje a sua “intenção de apresentar um plano de insolvência” após a reprovação do Processo Especial de Revitalização (PER). A empresa solicitou a convocação de uma assembleia de credores para debater e fundamentar uma proposta de recuperação financeira
Em comunicado acessível à agência Lusa, a administração da TIN, liderada por Luís Delgado, informou que, “na sequência da reprovação do PER”, a empresa irá comunicar ao administrador judicial provisório (AJP) que não se opõe a uma sugestão formal de insolvência. “A empresa continua a operar e manifesta, desde já, a sua intenção de apresentar um plano de insolvência, requerendo-se, desde logo, a convocação de uma Assembleia de Credores para apresentação e fundamentação do plano de recuperação da empresa”, lê-se na mensagem divulgada aos trabalhadores.
A TIN, detentora de publicações como Visão, Exame, Jornal de Letras e Caras, entre outras, vê a insolvência como uma última tentativa de viabilização, que assegure o futuro do grupo e dos seus colaboradores. Segundo a administração, a empresa sempre considerou que a reestruturação interna seria o caminho mais positivo e sustentável para os credores e para a continuidade das suas publicações, fundamentais para o pluralismo e qualidade da comunicação social portuguesa.
Contudo, a administração lamenta que, “apesar dos esforços para estabilizar a atividade e os sinais de recuperação, a TIN vê-se forçada a avançar para este passo”. Acrescenta ainda que os seus títulos “cobrem uma diversidade de leitores, em faixas etárias e classes sociais distintas, detendo uma relevância de mais de 20% no mercado de publicações de papel e digital”, de acordo com dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT).
A administração sublinha que “é inimaginável conceber a comunicação social em Portugal sem a presença fundamental das revistas da TIN”, sublinhando o papel das suas publicações na promoção de uma comunicação social livre, rigorosa e plural. Refere ainda que a “dissolução e liquidação simples da TIN deixaria a comunicação social nacional mais pobre e desprotegida, afetando não só os seus trabalhadores e credores, mas também o próprio Estado”.
Em resposta às especulações sobre dívidas ao Estado, a administração clarifica que, na comunicação ao AJP, apresentou dados concretos de 2018 a 2024. Estas informações visam, segundo a empresa, “desmistificar a narrativa distorcida que tem circulado sobre este assunto”. O comunicado termina com um agradecimento aos trabalhadores pelo seu empenho “apesar das adversidades”.
A reprovação do PER, ocorrida a 5 de novembro, deveu-se aos votos da Autoridade Tributária (AT) e da Segurança Social, que detêm créditos de 8.125.545,20 euros e 8.979.252,35 euros, respetivamente. No total, cerca de 20 milhões de euros em créditos, correspondentes a 61,16% do total reconhecido e 68,03% dos votos emitidos, votaram contra a aprovação do plano.