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Natal ao Corte: O Edil Que Encolheu a Quadra e Alargou as Polémicas

Em Castelo Branco, terra de tradições e costumes arreigados, o Natal sempre foi um palco de luzes e magia que se prolongava até aos Reis, num abraço caloroso à história e às famílias que vivem a quadra. Este ano, porém, algo mudou. As festividades, que tradicionalmente terminavam a 6 de janeiro, foram abruptamente encurtadas. O pano cai a 31 de dezembro, como se a cidade tivesse pressa de entrar no novo ano… ou de varrer para baixo do tapete qualquer réstia de espírito natalício.

A decisão de Leopoldo Rodrigues, o presidente da câmara, surpreendeu e indignou muitos. “Porquê?”, perguntam os albicastrenses entre goles de café e mexericos de café central. Terá o edil, cansado de se exibir na passadeira vermelha das festividades, decidido que o espetáculo já não vale o esforço? Ou será que o orçamento para as luzes e os sonhos das crianças foi redirecionado para alimentar uma outra visão sua: a fonte “megalómana”, que parece emergir nos planos do presidente como o novo símbolo de um mandato que muitos já consideram errático?

Não é novidade que a governação de Rodrigues é vista por vários como uma verdadeira dança de “barata tonta”. As suas decisões oscilam entre o despropositado e o incompreensível, qual maestro sem batuta que insiste em reger uma orquestra desafinada. Em tempos de contenção económica, compreende-se a necessidade de apertar o cinto. Mas porquê começar pelo Natal, uma celebração que é, para muitos, um raro momento de união e alegria num ano difícil? Poupar no espírito enquanto se promete gastar na ostentação não parece um movimento estratégico, mas antes uma ironia amarga.

O mais caricato desta história é a incoerência do próprio calendário. Os dias 1 e 6 de janeiro, outrora preenchidos com eventos alusivos aos Reis, agora permanecem vazios, como um livro sem epílogo. Quem olhar para Castelo Branco nesses dias verá apenas o rescaldo de um Natal apressado e o silêncio de uma cidade que foi obrigada a recolher os enfeites antes do tempo.

Os críticos apontam o dedo ao presidente, classificando-o como um gestor sem rumo, que toma decisões ao sabor do vento, sem consultar ou respeitar a vontade dos cidadãos. Alguns questionam mesmo se não seria mais justo ele decretar também o fim do inverno e o início do verão para agradar ao seu cronograma pessoal. Outros, mais cáusticos, sugerem que talvez seja a passadeira vermelha que o cansa. Afinal, é difícil carregar o peso de tantas decisões… ou falta delas.

Enquanto isso, os albicastrenses lamentam a perda de uma tradição. O brilho das festividades, que outrora aquecia os corações até aos Reis, foi trocado pela promessa de uma fonte. Será ela tão grandiosa e cintilante que nos fará esquecer o Natal que perdemos? Ou acabará, como tantas promessas políticas, a jorrar polémicas em vez de água?

Certo é que, entre cortes e encolhimentos, o presidente parece mais interessado em encenar o seu espetáculo do que em governar a cidade. Resta saber se, na próxima quadra, os albicastrenses irão aceitar passivamente este novo calendário ou se pedirão um Natal à medida dos seus sonhos – e não dos devaneios de um político que, ao que parece, prefere brilhar sozinho.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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