Pedro Nuno Santos (PNS) veio avisar que vai fazer um Programa Político para o país em “cinco dias”. Trocadas as voltas ao venerando chefe da tribo do punho esquerdo, devido a um calendário que não lhe calha nada, PNS vai fazer uns telefonemas aos amigos a saber se têm alguma coisa a acrescentar. Talvez tenham. Talvez não. É a medida do PS para fingir que ouve a sociedade civil (não a sociedade militar, nem a filarmónica, digo eu). Pedro queria fazer uns grandes “Estados Gerais”, iniciativa que durou um ano e levou Guterres ao poder. Mas a maldita moção de confiança que votou favoravelmente, entalou-o.
O que percebemos com clareza é que isto não pode ser sério. Não se troca um ano de debate e de discussões sectoriais por cinco dias de SMS e WhatsApp, com Miguel Costa Matos, Brilhante Dias, Delgado Alves e Alexandra “faz tudo” Leitão a enfiar no ChatGPT os novos contributos e a pedir à “Inteligência artificial” — já que outra não há —, para botar cá para fora o melhor que encontrar naquela mixórdia.
A justificação de PNS é que o programa de 2024 já era muito bom e, por isso, remendo aqui, remendo ali, e está como novo. Aceitemos. E vejamos os factos: o programa de 2024 teve o apoio de um milhão e oitocentos mil portugueses. Ano antes o de António Costa cravara dois milhões e trezentas mil cruzinhas. Grosso modo, 480 mil eleitores fugiram do programa de PNS a sete pés. Pois é neste programa que o mestre Nuno vai voltar a apostar. Este e mais cinco telefonemas.
O Partido Socialista é um enorme partido, com profunda raiz socialista e social, com ligações a todos os sectores da sociedade. Não pode, sob pena de ficar exangue, vir dizer estas patacoadas, que afastam eleitores. Uma pena, um desperdício, uma falácia e um descuido.
O PPD está melhor? Nem pensar!
O partido líder da coligação AD (PSD/CDS/PPM), pior que o PS, ainda nem se deitou a pensar no “programa” de Governo. Ouvido pelo JPN, afirma: “Francisco Lopes, eleito pelo Porto, diz que o partido liderado por Luís Montenegro ainda não se reuniu para debater o programa eleitoral”, mas que deve fazê-lo “para a semana”. A semana era a semana passada. O que interessa à AD? A distribuição de lugares nas listas de candidatos. Isso, meus queridos leitores, já está em marcha. Pior: não é marcha, é mesmo corrida de cem metros barreiras, porque agora é preciso acotovelar, esfolar, trepar. E, desta vez, tudo ao molho: “O PSD mantém o mesmo perfil para os candidatos a deputados da última eleição”, diz Hugo Soares, advogado e líder da bancada do PSD, antigo amanuense de Montenegro que, por sua fez, era amanuense de Passos Coelho… O que a enigmática frase quer dizer é simples: serão candidatos a deputados até os autarcas ainda em funções — coisa que o PS afastou. Por exemplo, António Pita, presidente da Câmara de Castelo de Vide vai concorrer a deputado, embora o mandato autárquico vá até ao fim do ano.
Em resumo, o programa da AD bem pode ser o da RTP Memória, embora não se vislumbre pelo meio a sublime qualidade de um Perry Mason na Administração Interna ou um Hitchcock na Saúde, para misteriosamente justificar o “psico” caótico que para lá anda.
E os outros?
Não sabemos. Nem fazemos ideia. Nem sequer eles sabem. A única coisa que é certa é que depois do Bloco de Esquerda ter despedido as mais jovens, pediu aos reformados que voltassem, para cabeças de lista em círculos impossíveis. Tiveram o cuidado de deixar de fora João Semedo e Miguel Portas. Mas, cá para mim, mesmo falecidos, iam ter mais votos que muitos vivos que por aí andam. Valha.nos Marques Mendes e o Tacão Alto — não é piada, Tacão Alto era um bar no Bairro Alto. Alto também não é piada sobre Marques Mendes. Bom, é melhor calar-me.
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