Na idílica e provinciana cidade de Castelo Branco, onde a política não passa de um jogo de sombras e vaidades, poucos se lembram de como, noutros tempos, a cena política era dominada por “Casais” que mais pareciam saídos de uma novela mexicana do que de um cenário institucional. Um conto de amores e desamores, de alianças e traições, onde o único que perdurou foi o ego inflado e a crença de que o poder era eterno. Sim, esses “Casais”, que, ao longo dos anos, se tornaram figuras centrais, deram lugar a fantasmas que ainda tentam, com unhas e dentes, manter viva a ilusão de um passado glorioso.
E como é fácil escrever sobre isso, talvez até um livro, daqueles que mais parecem catálogos de um museu de antiguidades políticas, onde os heróis de outrora agora são apenas pó e nostalgia. Imagine-se, então, a capa de tal bestseller: “Os Casais da Política em Castelo Branco: Entre a Glória e a Decadência”. Só de imaginar o sucesso comercial que uma obra destas teria, até os próprios fantasmas da política local não resistiriam a um sorriso amarelo.
Nos tempos áureos, estes “Casais” sabiam como manobrar nas águas turvas da política local. Pareciam fazer e desfazer à vontade, como se a cidade fosse um tabuleiro de xadrez em que as peças mudavam de posição, dependendo das vontades de quem comandava. Eram, em termos práticos, intocáveis. Mas, como tudo na vida, o que sobe tem tendência a descer. Uns souberam sair pela porta grande, quando o tempo lhes foi favorável, enquanto outros insistiram em ficar, tal como um ator decadente que ainda acredita que o palco é seu.
Mas a verdade é que, hoje, poucos acreditam no seu poder. Aqueles que continuam a tentar manter-se no centro do palco político são apenas sombras do que um dia foram. São como artistas de rua que se apresentam nas redes sociais, tentando enganar os poucos que ainda têm paciência para os ver, como se comentários e posts, ” que fazem no facebook do jornal ORegiões ” pudessem substituir a realidade de um poder real. O que antes era um domínio absoluto da política local, hoje não passa de uma tentativa fútil de manter o status quo, sem que exista algo substancial por trás.
Tal como uma cobra venenosa que, no fundo, é apenas uma ilusão de perigo, os “caçadores de poder” de Castelo Branco transformaram-se em réplicas de algo que nunca conseguiram entender de verdade. Um poder que, nas mãos deles, nunca foi nada mais do que uma farsa bem encenada. Vão tentar, como se fossem mestres da arte política, manipular a opinião pública? Talvez. Mas, aqui, a realidade é muito mais dura do que as fábulas que tentam construir.
A metáfora da “cabeça da cobra” pareceu servir-lhes bem durante algum tempo, com a ideia de que podiam manipular e controlar todos os movimentos ao seu redor. Mas em Castelo Branco, como em qualquer outra parte do país, a política não se constrói em torno de personagens fictícios ou de manipulações nas redes sociais. Quem tenta liderar por detrás de um computador e através de mensagens disfarçadas, com segundas intenções, não compreende o verdadeiro poder. O poder real é aquele que se constrói na ação, na presença, na legitimidade – e não nos likes ou nas palmas que tentam conquistar com palavras vazias.
Para os que ainda tentam fazer-se ouvir, é altura de compreender a lição. A política é um palco, e como em qualquer peça, o ator que não sabe sair a tempo de cena, arrisca-se a ser esquecido. Ninguém, absolutamente ninguém, é eterno, nem mesmo aqueles que já estiveram no topo da pirâmide. Seriam bem-aconselhados a seguir o exemplo dos “Casais” de outrora que souberam sair antes de queimarem a última ponte. Aproveitem a aposentadoria, desfrutem daquilo que a vida lhes oferece fora do palco político e deixem o jogo para quem realmente sabe jogar.
Castelo Branco, por mais que alguns queiram iludir-se, não é uma versão em miniatura da Ásia ou do Médio Oriente, onde as sombras do poder podem ainda ser um jogo perigoso e maquiavélico. Aqui, a política é concreta. Aqui, as realidades não se escondem atrás de palavras disfarçadas nem se constroem através de fantasias de grandeza. O esmagamento da “cabeça da cobra” pode não ser feito de forma violenta, mas sim com a afiada escrita daqueles que têm coragem de desenterrar o que pensam que está enterrado. A realidade é implacável, e o poder que não é real vai, com o tempo, desaparecer.
Fica, portanto, a sugestão: os fantasmas do passado que ainda tentam manter viva a chama da política local, que aceitem a sua decadência com dignidade. Porque, no fim, quem tenta manipular a política em Castelo Branco como um jogo de sombras ( com a ideia de proteção aos Taxos da família) acaba sempre por se tornar irrelevante. E quem não se aperceber disso, acabará como um verdadeiro fantasma, vagando pelo cenário político, sem nunca ser lembrado.