Os países europeus “ladram ladram”, clamam considerar inconcebível o que Israel faz na Palestina e na Cjordanaia, mas não fazem nada para impedir a matança! Não impôem quaisquer sanções, limitam-se a pedir “por favor “a Israel para não matar mais gente (nem genocídio lhe chamam)! Como é possível? Qual a moral para enviarem tantas recriminações e centenas de sanções para a Rússia e o Irão e outros países? Onde está o tão invocado Direito Internacional?
A mortandade israelita é justificada pelo atentado terrorista perpetuado pelo Hamas
em 2023.
Se a ETA ou outro grupo terrorista fizesse um atentado em Portugal, matavam-se os
espanhóis todos? Lembremos que, em 2010, foi descoberto um armazém de
explosivos em Óbidos, numa casa ocupada por dois operacionais etarras. Acresce
que também houve vítimas portuguesas da ETA em Espanha, quando dos diversos
atentados que esse grupo cometeu…
Não estou a defender que se imponham sanções a Israel, até porque não levam a
nada, mas apenas sublinhar as distintas posições políticas.
Um passo essencial seria o reconhecimento da Palestina como estado soberano.
Sabem quantos países da UE o fizeram? Apenas a Espanha, Irlanda e Noruega,
num gesto conjunto, anunciaram que vão apoiar a criação de um Estado
Palestiniano, que assim se juntam a mais 142 países. Até ao momento, nenhum dos
membros do G7 (EUA, Canadá, França, Alemanha, Inglaterra, Itália e Japão),
aderiram ao movimento.
Acresce que desde 2012, a ONU reconhece a Palestina como Estado Observador
permanente, permitindo o direito ao país de participar em debates e procedimentos
da organização, mas não nas votações.
Num mundo multipolar, é importante saber qual a posição dos diversos centros de
poder que já existem, designadamente os EUA e seus aliados, a Europa e também
os BRICS, com relevância para a China e a Rússia.
A simpatia histórica da China e da Rússia pela causa palestina não é recente.
Desde a proclamação da República Popular da China em 1949, o gigante asiático
sempre foi solidário com a causa palestiniana. O que o Partido Comunista Chinês
havia chamado de “século da humilhação”, que começou com as Guerras do Ópio
no século IX e seguiu até à chegada de Mao ao poder, assemelhava-se ao drama
dos palestinianos. Mas o apoio não se limitou à retórica. Mao, que apoiou
movimentos de libertação em todo o mundo, enviou armas à Organização para a
Libertação da Palestina (OLP) e exerceu ampla influência na sua forma de pensar.
A política externa chinesa mudou, no entanto, com a chegada ao poder de Deng
Xaoping em 1978, surgindo a ideia de que “enriquecer é glorioso”. A chegada de Xi
Jinping à presidência em 2012 reincorporou a componente ideológica na sua política
externa.
A relação da Rússia com os palestinianos começou de forma diferente. Quando
Israel proclamou sua independência em 1948, a União Soviética, sob o comando de
Josef Stalin, foi um dos primeiros países do mundo a reconhecê-la. Naquela época,
Israel parecia ter inclinações socialistas, enquanto os seus vizinhos continuavam a
ser colónias europeias. O líder palestiniano Yasser Arafat manteve excelentes
relações com seus homólogos russos, como foi demonstrado em 1997, ao beijar o
presidente Boris Yeltsin. Israel, porém, acabou por não se tornar num país
socialista, pelo que, em meados da década de 50, Nikita Khrushchev alinhou com o
nacionalismo árabe. A causa palestina foi muito útil para Moscovo porque, com os
EUA a apoiar Israel, o facto dos soviéticos apoiarem os palestinianos, tornou-os
mais populares entre os países árabes. Tanto a China como a Rússia mantêm
relações com todos os atores regionais envolvidos, como Irão, Síria e Turquia. E, ao
contrário dos Estados Unidos, que consideram o Hamas uma organização terrorista – o que o impede de estabelecer conversações – nem Pequim nem Moscovo têm
qualquer problema em manter o diálogo.
Os palestinianos não têm petróleo nem grandes recursos naturais. Não são uma
potência regional e estão muito longe das esferas de influência dessas duas
superpotências e dos territórios que cada uma delas considera estratégicos. Então,
o que ganham ao se envolverem num dos conflitos internacionais mais difíceis de
resolver?
A razão é ideológica e acompanha a posição política do chamado sul global e dos
Brics: a Palestina espera ser aceite nos Brics num futuro próximo, assim reforçando
o apoio à adesão da Palestina na ONU e a defesa da resolução dos dois Estados.