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Bailinho da Madeira

A campanha eleitoral na Madeira chegou esta sexta-feira ao fim, com a mesma imprevisibilidade com que começou. A dois dias das eleições antecipadas, PSD e a oposição já gastaram praticamente os seus cartuchos, mas ninguém arrisca um prognóstico antes de domingo, incertezas que são exponenciadas por duas sondagens divergentes e por um sentimento nas ruas de muita hesitação, algum cansaço e pouca confiança. Ou seja, o “bailinho da Madeira” vai continuar, mas com “pares de dançarinos” diferentes a bailar “P’ra gentinha da madeira”.

A Madeira vai no domingo para as terceiras eleições regionais em 18 meses. A única certeza que existe, e mesmo assim muito “incerta”, é que todos os partidos recusam alianças com Miguel Albuquerque. Mas tudo poderá depender do Chega que, apesar de André Ventura afirmar que nunca irá apoiar Miguel Albuquerque, poderá mudar de opinião – como já é habitual – caso o ainda líder do governo madeirense lhes “acene o ‘osso’ do poder”.

As polémicas em torno de Albuquerque levam o PS de Cafôfo, mesmo assim, a crer ter chegado ao fim 48 anos de domínio do PSD na Madeira. JPP e Chega posicionam-se como parceiros para a dança da governação, cantarolando: “Deixem passar/Esta linda brincadeira/Que a gente vamos bailar/P’ra gentinha da madeira”. Já o CDS-PP e o PAN tentam manter-se no palco.

Um facto é que o presidente Miguel Albuquerque (ainda) surge como favorito à vitória, mas o consulado do PSD na Madeira é agora posto à prova, não só pelo previsível crescimento nas urnas das forças da oposição (principalmente PS, JPP, Chega, IL e até Livre), mas também pelas divisões internas no partido, ou ainda pelos processos na justiça envolvendo o candidato.

O PSD tem atualmente 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).

Madeira ingovernável

Com sucessivas crises e um governo que se encontra em gestão há um mês, a perspetiva é a do impasse total: embora ainda favorito para as eleições legislativas antecipadas, o PSD Madeira deverá ficar, de novo, longe da maioria absoluta. E, assim, completamente bloqueado por uma oposição hostil que, prolongando a “coligação negativa” que, a 17 de dezembro, aprovou a moção de censura, continuará a recusar viabilizar um governo de Miguel Albuquerque ou, ao menos, a negociar com o atual presidente do governo regional.

A perspetiva é a de que, com o seu programa eventualmente chumbado, Albuquerque se mantenha em funções de gestão, nos seis meses posteriores. Isto porque a Assembleia Regional não pode ser dissolvida nesse período. E, a partir de setembro, é o Presidente da República que, a menos de meio ano de acabar o seu mandato, fica impedido de a dissolver. Tendo em conta que um novo PR tomará posse a 9 de março de 2025, e que, nos primeiros seis meses de mandato, também não pode dissolver, só em setembro de 2026 o problema poderá ser resolvido.

No entanto, uma previsível “cambalhota” do Chega, que quer chegar ao poder a qualquer custo, poderá alterar este cenário. Mas nunca se sabe e a grande incógnita que se coloca é: será que o Chega mesmo chegando ao poder pelas mãos de Miguel Albuquerque vai cumprir os acordos?

A história recente da Madeira tem sido bastante “agitada” com várias mexidas eleitorais, com as saídas e entradas de novas forças políticas na Assembleia Regional, como o PAN, o Juntos Pelo Povo, o Chega e a Iniciativa Liberal. Contudo, as mais recentes sondagens dão uma vitória no domingo ao PSD, com PCP a poder voltar a entrar no parlamento regional e Bloco e Livre a ficarem à porta. Mas, a confirmarem-se as sondagens, o PSD precisa sempre de se unir a um partido da oposição para ter estabilidade governativa.

Sondagem dá vitória ao PSD

Uma sondagem da Intercampus, publicada no “Jornal da Madeira”, dá 38,4% ao PSD e a possibilidade de eleição de 24 deputados, o que garantiria a maioria na Assembleia Legislativa Regional, composta por 47 lugares.

O PS aparece em segundo lugar, com 16,7%, descendo de 11 para 10 deputados e o Juntos Pelo Povo em terceiro com 10,7% e perdendo dois deputados. O Chega, partido que apresentou a moção de censura que levou à queda do Governo, também perderia um parlamentar se as eleições fossem na terça-feira(18 de março). O CDS, que esteve coligado com Albuquerque no Governo, mas na legislatura que resultou das eleições de maio de 2024 e foi agora interrompida fez apenas um acordo parlamentar, também perde um lugar, ficando abaixo da Iniciativa Liberal em intenção de voto, mas ambos com um eleito.

A sondagem, que aponta para quase um quinto de indecisos (18%) inclui a possibilidade de regresso do PCP ao parlamento regional, com a eleição de Edgar Silva. O PAN, que viabilizou o Governo de Albuquerque eleito em 2023, mantém a possibilidade de eleger um deputado, enquanto o Bloco de Esquerda e o Livre não devem entrar para a Assembleia Legislativa Regional.

Mas nada melhor que aguardar pelo “final do jogo para se fazer prognósticos”

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Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

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