Recentemente, assistimos a um episódio que revela bem o estado de abandono e o desleixo que ainda persiste em Castelo Branco. O presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, inaugurou com pompa e circunstância um painel de azulejos na Senhora da Piedade, uma obra feita pela artista plástica Rosário Belo. Uma iniciativa que, à primeira vista, deveria encher de orgulho a comunidade local.

No entanto, escassos metros dali, há uma realidade que passa despercebida por quem só se limita a tirar fotos em pontos estratégicos. Refiro-me às tábuas da cobertura do edifício da Biblioteca António Salvado. Se o presidente visse o que todos os habitantes de Castelo Branco veem, certamente ficaria surpreendido ou até admirado. Mas a verdade é que ele não anda pelos passeios, não pisa o chão com atenção, e limita-se a posar no varandim onde se lê “Castelo Branco”, com o castelo da cidade ao fundo.


E é precisamente neste local que se revela o verdadeiro desleixo. As tábuas do chão estão partidas, partidas essas que representam o estado de degradação e abandono que assola muitas áreas da cidade. Este cenário não é apenas uma questão estética, é um sinal claro de que há uma gestão que não consegue ou não quer cuidar do património e dos espaços públicos de forma adequada.

O que se vê a olho nu é um reflexo da incapacidade de gestão camarária, que se manifesta na falta de atenção aos detalhes mais básicos. Os habitantes de Castelo Branco percebem bem esta realidade, sentem-na na pele, e não hesitam em denunciar o que está à vista de todos.

Este episódio serve de alerta para a necessidade de uma gestão mais responsável, que valorize o património, cuide dos espaços públicos e preste atenção às pequenas coisas que fazem toda a diferença na qualidade de vida de quem aqui vive. Afinal, uma cidade que se quer moderna e acolhedora não pode permitir que o desleixo seja a sua marca de identidade.