A Vida é feita de Escolhas. Contudo, na maior parte das vezes, as pessoas só sabem se as mesmas foram boas ou más algum tempo depois da decisão tomada. O importante, contudo, é decidir sempre em consciência de que naquele exacto instante se está a optar pelo que se imagina ser o mais correcto.

Pode até acontecer que rapidamente se tome consciência de que a decisão tomada não foi a acertada e que o sentido contrário teria sido o rumo mais indicado a seguir, mas de que vale o arrependimento se aquilo que se decidiu é que permitiu ver o quanto se estava errado?
E é essa aprendizagem, esse conhecimento que se toma das coisas, mesmo das erradas (sobretudo, essas), que nos vai ensinando a reconhecer os próprios erros. Que seria do Homem se ele nunca se tivesse enganado e se tivesse sempre tomado, ao longo dos tempos, as decisões acertadas, algo impossível de imaginar (!),… será que se daria à Vida o mesmo Valor? Que seria dos deuses se nós, seres “perfeitos”, fossemos todos exemplares a seguir? Que deuses(?) se eles só existem pela nossa necessidade de acreditar em algo superior ou perfeito.
Por isso, não é ridículo pensar que é nas nossas imperfeições que acabamos por encontrar o medicamento para dar sabor à Vida e que, se a dor não existisse, a música não teria o mesmo sentido, as palavras seriam insignificantes e as cores que distinguimos talvez fossem todas iguais…
Esta crónica não é uma aula e sermão nunca será. É, simplesmente, uma crónica, tal como acho que elas deveriam de ser sempre, sem princípio nem fim, tal como a Vida. Palavras que se soltam, umas com mais sentido que outras, mas todas com a importância que lhes quisermos atribuir e que nos ajudam a ir vivendo e a dar sentido ao tempo que tão raramente nos merece importância, embora com a consciência que sem essa memória do bem e do mal, do certo e do errado, do extraordinário e do horrendo, o sentido da Vida não seria o mesmo porque não haveria qualquer resquício da própria Vida que trilhamos.
Assim sendo, com tudo o que existe hoje, em termos informativos, ao alcance de qualquer um sobre os acertos, mas, sobretudo, os falhanços do passado, seria de imaginar que as más escolhas fossem cada vez mais rareando. Porém, tal assim não se tem revelado, o que, legitimamente, nos leva a pensar que “caímos porque queremos”, aceitando-se tal como o pregão que o antecede e diz: “à primeira, todos caem”, o que em nada abona, por um lado, em favor da evolução mental do ser humano que supostamente tem, na sua posse, todas as ferramentas para viver a sua curta passagem pela vida de forma mais harmoniosa mas não parece estar para aí virado. Ou então, as más escolhas são o “sal da vida” do qual não se quer abdicar para que a mesma continue a ter algum sabor. Talvez por isso se diga que “errar é humano”, ao que acrescento, nesse caso, que é bom que se continue a repetir, porque só errando continuaremos a aprender.