O novo filme da Netflix, The Electric State, protagonizado por Millie Bobby Brown e Chris Pratt, está a gerar grande controvérsia. Apesar de se ter tornado um sucesso imediato na plataforma de streaming, as críticas da imprensa especializada foram particularmente severas. Com um orçamento estimado em 320 milhões de dólares, a produção é uma das mais caras da história do streaming e enfrenta uma receção crítica pouco favorável.
Desde o seu lançamento na sexta-feira, The Electric State alcançou rapidamente o topo do ranking da Netflix. No entanto, a avaliação dos especialistas foi esmagadoramente negativa. O Times descreveu-o como “um espetáculo visual enfadonho”, enquanto o Hollywood Reporter afirmou que se trata de um filme “elegante, mas desprovido de alma”. O New York Times foi ainda mais incisivo, classificando-o como “óbvio, espalhafatoso e simplesmente burro”.
A publicação Paste criticou o investimento avultado na produção, considerando-o “a forma mais banal de gastar 320 milhões de dólares” e classificando o filme como “um fiasco artisticamente neutro”. A pontuação de apenas 15% no site Rotten Tomatoes reforça esta perceção negativa.
Apesar das críticas desfavoráveis, algumas publicações ofereceram uma visão mais equilibrada. A Empire atribuiu-lhe três estrelas, descrevendo-o como “descontraidamente assistível”, enquanto o Telegraph lhe concedeu quatro estrelas e o elogiou como “um deleite ao estilo Spielberg”.
Para os irmãos Anthony e Joe Russo, realizadores do filme e responsáveis por sucessos da Marvel como Vingadores: Ultimato, The Electric State representa um grande desafio na tentativa de conciliar um universo visualmente impressionante com uma narrativa envolvente. Baseado na graphic novel de Simon Stålenhag, o filme transporta os espectadores para uma versão alternativa dos anos 90, onde um conflito entre humanos e inteligências artificiais molda um mundo distópico.
O elenco inclui nomes de peso como Ke Huy Quan, Stanley Tucci e as vozes de Woody Harrelson e Brian Cox. Ainda assim, os especialistas criticam a abordagem da Netflix, sugerindo que a produção não conseguiu capturar a essência crítica do material original sobre os perigos de uma sociedade dominada pela tecnologia.
Para Ian Sandwell, editor de cinema do Digital Spy, o impacto das críticas é limitado na era do streaming. “Gostaria de dizer que o que escrevi e o que outros críticos escreveram fará diferença, mas simplesmente não acho que vá”, afirmou. Ele atribuiu duas estrelas ao filme, elogiando os efeitos visuais e a construção do mundo, mas criticando a história “genérica”. “Se tivesse sido lançado nos cinemas, as críticas negativas poderiam ter afastado o público. Mas na Netflix, acho que será um enorme sucesso”, conclui.
A Netflix continua a apostar em produções ambiciosas, mesmo perante recepções adversas. O modelo de streaming, onde o sucesso é medido pelo número de visualizações e não pelo retorno de bilheteira, permite que filmes como The Electric State prosperem independentemente das avaliações críticas. A estratégia tem-se mostrado eficaz, garantindo audiências massivas para títulos que, no circuito tradicional, poderiam ter sido um fracasso comercial.