Estava eu posto em sossego quando me vejo na iminência de acompanhar pessoa próxima ao hospital. Suspeitam de pneumonia das aves, de gripe A ou B. A pobre mal respirava, mas não lhe faltou fôlego para ordenar que, se era hospital, era privado. Torço o nariz mas não me liga. Ainda agora saí de uma guerra parecida e eis que me cai no colo outro hospital, outro privado, outra aventura.
Sim, estava tudo limpinho, muito fardado e até tinha anúncios em painéis com a dra Catarina Furtado a vender já não sei o quê. A minha enferma rapidamente desaparece, mais a sua pulseira vermelha, atrás da porta azul. Espero, que outro remédio não tenho.
Mas vou ao ponto principal: esta gente não usa bidé. Não há um para amostra, nas WC do edifício. Vasculho, como os irmãos Dalton, toda a casa de banho, vejo as loiças, caríssimas. Existem aquelas torneiras que, até que um humano entenda como sai água, passa-se um mês.
Mas honrar a nossa cultura e costume, a pequena banheira púbica, herança árabe e de vital uso para a higiene, nada. De repente, em 50 anos, deve um decreto secreto de um governante estrangeirado, proibido a preciosa peça. Pior, nem sequer se digam a pendurar um chuveirinho, como já há nos lugares decentes.
Para que me servem mil máquinas para o occipital, para a pleura, para o ventricular coração se, por insanidade, obrigam os ricos a andar de traseiro mal lavado? Que gozo ou fetiche será este, que desconheço? É, por acaso, pratica excitante em festas de Casino, nos lupanares de luxo, mas festas privadas da Quinta Azul??
Não se entende uma sociedade que desprotege o seu traseiro. Recordemos que o cuidado era tanto que, até há uns anos, havia homens perto dos campos de futebol a vender “almofadinhas pra bola”, tal a preocupação traseira.
Mais: o nosso empenho em bom material para o derradeiro fim de costas chegou ao ponto de investigar e criar o melhor papel higiénico do mundo. Enquanto os outros iam à lua, nós, só preocupação com a traseira.
E agora, vai a ver-se, e servem umas loiças menores e em falta e uns papelinhos de tamanho A7, para que limpemos. A quem sabe, estamos a um passo de usar um módulo, um bilhete de comboio ou, por engano, uma folha de amoreira…
Em suma, digo que me junto a todos os herdeiros do Al-Andaluz e perorarei pelo regresso do bidé e instalação de chuveirinho. Ou pensam que há um aroma fugaz que valha…
Deus nos limpe!