As televisões recebem hoje o frente a frente entre Montenegro e Pedro Nuno Santos. Todos esperam, principalmente os eleitores, que seja um debate “sem golpes baixos”, que sirva para clarificar os “caminhos negociais” em caso de maioria relativa, e sem “elefantes na sala”, como o Orçamento da União Europeia (UE) e a guerra na Ucrânia. Mas, como vão adiantando as televisões, a justiça, a habitação, os impostos e o caso Madeira, sem já falar dos Açores, são temas incontornáveis.
No dia em que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, se encontram para o último debate das televisões, estima-se que entre dois a três milhões de portugueses vão ver o confronto televisivo entre os dois principais candidatos a primeiro-ministro. Mas, na opinião de Luís Marques Mendes, o debate desta segunda-feira não será tão decisivo quanto a campanha eleitoral que se avizinha. No seu espaço de comentário na SIC, o analista político e ex-líder do PSD diz que aquilo que pode fazer a diferença na cabeça dos eleitores é a “postura” de cada um.
De acordo com o comentador, “as posturas de credibilidade, de eficácia, de moderação, de sentido de responsabilidade” serão decisivas para o resultado final, “independentemente das ideias”. No fundo, perceber-se quem é o mais confiável para a função. “Esta imagem conta muito, a atitude e o comportamento”, alega Marques Mendes.
Assim, esta segunda-feira, dois anos depois do duelo entre António Costa e Rui Rio, o cineteatro Capitólio, em Lisboa, volta a ser palco de um confronto que terá, de um lado, o secretário-geral do PS e, do outro, o presidente do PSD. A futura governação do país e as respetivas políticas de alianças deverão estar em destaque. O debate tem uma duração prevista de uma hora e um quarto e vai ser transmitido em direto, a partir das 20h30, pelas três televisões generalistas. A moderação estará a cargo de jornalistas dos três canais.
No derradeiro dos 28 debates que, desde 5 de fevereiro, opuseram oito líderes dos partidos com assento parlamentar, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, os dois líderes partidários que querem ser primeiro-ministro, vão dizer que querem ganhar as eleições e nenhum quer dizer o que fará se as perder.
Um cenário que ainda não está clarificado: se o PS vencer as eleições, mas a esquerda estiver em minoria, o PSD viabiliza um governo PS minoritário, nomeadamente nos Orçamentos do Estado? E que fará na situação inversa o PS, se o PSD ganhar, mas não tiver maioria nem com a Iniciativa Liberal, e dispensando acordo com o Chega? O PS viabiliza?
Até hoje, os líderes dos dois partidos ainda não clarificaram o que vão fazer. Os eleitores, principalmente os indecisos, esperam ficar hoje esclarecidos sobre este ponto que, na perspectiva dos analistas, poderá definir o sentido de voto de um grande número de votantes.
Veremos se, no debate de hoje, algumas das questões que preocupam os portugueses, nomeadamente nas áreas da saúde, educação, habitação e impostos, são respondidas pelos dois candidatos ao cargo de primeiro-ministro.
É evidente que, além dos possíveis ataques à habitação pelo PSD e defesa dos rendimentos pelo PS, os candidatos levarão mais armas secretas. Talvez a saúde e a educação, do lado do PSD; provavelmente o fantasma da austeridade, do lado do PS.
Ambos têm uma equipa que os municia com informação sobre os possíveis ataques, pontos fortes e fracos dos rivais. Ambos sentem a aproximação do clímax da última fase antes da campanha oficial. Depois deste debate e até 10 de março, dificilmente haverá uma segunda oportunidade tão boa para causar melhor impressão aos eleitores.
Todavia, como tudo está nas mãos dos portugueses, uma das televisões que transmite o debate, neste caso a SIC, foi para o terreno ouvir a opinião das pessoas. Conclusão: os portugueses querem ver mudanças no país e, até ao momento do voto, há quem avalie ao pormenor o perfil de cada candidato, mas para muitos o importante é ter um primeiro-ministro com vontade de mudar.
No mercado de Matosinhos, os portugueses criam expectativas quanto ao frente a frente e anseiam por mudanças, sobretudo no setor da habitação. Também em Lisboa, há a esperança de que o próximo primeiro-ministro traga reformas em áreas críticas tendencialmente marcadas por protestos.
A RTP organiza ainda mais dois debates: o primeiro realiza-se na terça-feira e junta todos os partidos que concorrem a estas eleições e não elegeram deputados em 2022; o segundo está marcado para sexta-feira e opõe todos os partidos com assento no Parlamento.
A campanha eleitoral tem início no próximo domingo.