Canteiros reservados às espécies hortícolas apresentam sinais de falta de cuidado e de tratamento
Um dos mais significativos espaços ajardinados da cidade de Castelo Branco apresenta sinais evidentes de falta de cuidado e de tratamento. Referimo-nos ao Parque da Cidade, junto ao Museu Francisco Tavares Proença Jr., cujos canteiros reservados ao cultivo de espécies hortícolas estão devotado a um perfeito e completo abandono.

Este espaço verde fez outrora parte da famosa quinta de recreio dos bispos de Castelo Branco, e preenchia naquele tempo uma dupla função, uma vez que se tratava de um lugar de lazer e ao mesmo tempo de produção hortícola.

Querendo aludir à memória do sítio e à sua dupla função histórica, aquando da reforma do Parque da Cidade, que teve lugar no início do século XXI, optou-se por reservar alguns dos canteiros para o cultivo de espécies hortícolas. Todavia, verifica-se que a atenção dispensada aos referidos canteiros não é de molde a que nos mesmos cresçam e vicejem, nas melhores condições, os exemplares ali cultivados, os quais revelam crescimentos deficientes e nanismo, característicos da ausência de lavores culturais e de carências nutricionais. Além disso, os canteiros mostram-se ainda infestados de ervas invasoras ou daninhas, que competem de forma desigual com as espécies hortícolas pelos escassos nutrientes e água postos à sua disposição.

«Esta falta de cuidado não passa despercebida, a quem visita este local, como é o nosso caso, sobretudo porque estes canteiros estão logo à entrada do jardim», afirma a O Regiões um turista de visita por Castelo Branco. «É lamentável que um jardim tão agradável, tenha um cartão de visita destes. Isto afinal quer dizer o quê?», questiona este pai de família, apontando para uns repolhos minúsculos que mal se conseguem vislumbrar por entre um tapete de ervas infestantes.

O Regiões contactou um especialista em jardins históricos para que pudesse ajudar a esclarecer esta questão, tendo este adiantado: «A arte da jardinagem é o cuidado dos espaços onde se cultivam plantas, flores, árvores e outras formas da natureza. Como arte que é, a jardinagem diferencia-se das demais artes, uma vez que os seus objectos carecem de cuidados permanentes, eu diria mesmo, diários, já que são o conjunto de diversos organismos vivos, que precisam de tratamentos, nutrientes e água, o mesmo não sucedendo com um quadro ou uma estátua, que depois de encontrarem um ambiente ótimo, apenas carecem de estabilidade e de tratamentos pontuais, distanciados no tempo.»
«Quando se optou por fazer a reforma deste jardim nestes moldes, houve a ideia de se reservarem canteiros para o cultivo de hortas, para preservar a memória do sítio. Foi uma opção assumida, embora não isenta de polémica, já que havia também a ideia de se poder devolver o sítio a sua configuração original de quinta de recreio, o que permitiria uma leitura mais evidente da história do local. Seja como for, os actuais canteiros-horta são parte integrante do conceito pelo qual se optou, e por isso devem apresentar as mais perfeitas condições, em homenagem à ideia de jardim que aqui está subjacente».
«Pelo contrário, o que se verifica nestes canteiros é que os exemplares são ali instalados, sendo depois abandonados à sua sorte, já que não têm lugar os lavores necessários ao seu perfeito e são desenvolvimento. Trata-se de um procedimento errado em termos de arte da jardinagem, e que deve ser evitado, naturalmente», concluiu o especialista consultado pelo O Regiões.