Peço desculpa, mas não tenho comentado política porque anda chata e um bocado estúpida. Há coisas mais importantes e esta é uma delas. Se pensa que o Inferno é o da Bíblia ou o de Dante, esqueça tudo. Hoje, viajamos pelo lado negro da humanidade, acessível a partir de nossas casas. Sempre lá esteve, sempre estará. E, caro leitor, o que partilho consigo nem sequer raspa além da superfície do terror que lhe entra pela casa, todos os dias.
Provavelmente já ouviu falar da “Internet Negra”, ou Dark Web. É um local onde moram monstros verdadeiros, predadores, assassinos, vendedores de droga pesada. É onde os adolescentes encontram jogos que os levam ao suicídio. Onde se compram cartões de crédito por 10 euros, com um saldo válido de mil euros – roubados a um pacato cidadão do outro lado do mundo.
É uma Internet nada escondida. Basta descarregar o navegador TOR e, por precaução, usar um filtro que o torna anónimo, chamado VPN. Este vem com diferentes marcas e feitios. O melhor, e de graça, é o Proton VPN. Mas o mais conhecido, e pago, é o NordVPN.
Porque lhe digo isto com todos os nomes? Porque os nossos amigos, filhos e netos, sabem destas coisas. Não imagina o meu querido leitor e leitora quanto sabem disto os putos, desde os 13 anos aos 90. Nós é que somos impressionáveis e ingénuos. Pensamos que o pior que há na Internet são os sites pornográficos e os de notícias falsas. Mas não, nada disso.
A viagem pela “Dark” e pela “Deep” Web, que são duas coisas distintas, mas, no fim, a mesma, começa logo por revelar ao que vem. Os endereços da nossa internet são simples: oregioes.pt; e já está. Mas nesta net escondida, usam-se camadas e camadas de protecção e anonimato. São tantas as capas que, por ironia, se chamam a estes endereços, “moradas de cebolada”, tais as finas folhas para enganar as autoridades.
O que neste universo? Tudo. Uma das primeiras propostas que nos fazem é entrar em sites que têm filmes de violações sexuais de recém-nascidos, muitos deles ainda em incubadoras. Sim, é verdade. As polícias de todo o mundo caçam estes monstros, mas pouca sorte vão tendo.
Claro que pode até “encomendar” uma violação de uma pessoa em concreto – por apenas 35 mil euros. Não gosta da sogra, da chefe, do homem das finanças? Serviços prestados por ex-militares, muitos deles do leste da Europa, ocupam-se de fazer a vida negra às pessoas. Há menus, ementas para se escolher o que quer fazer: desde atirar ovos à porta até um balázio no meio da tola e encomenda da alma.
Drogas? Com fartura, desde a cannabis simples aos químicos mais perigosos do mundo. Medicamentos sem receita? Venham eles, estão todos à venda e com preços abaixo da uva… Antibióticos, cetaminas, até aquela que matou o Michael Jackson se vende ao litro.
Mas há mais (ainda??). Sim, ainda há mais. Veja em directo, desde o conforto de sua casa, execuções de pessoas – a maioria soldados ou combatentes em guerras como na Ucrânia ou na Palestina -, por um punhado de dólares. Aliás, nestas emissões do site DarkTube, como muitos outros iguais, os assassinos vão ganhando dinheiro com a tortura. Cortar uma orelha? Dois mil euros. Assim que se confirma a transferência, zás, o punhal passa rente ao crânio e lá vai a orelha inteira. Tirar-lhe o globo os dos olhos? Três mil euros e o carrasco faz o serviço. Lamentavelmente, com a violação de menores, acontece o mesmo: paga-se à tarefa.
Tudo pago com as moedas encriptadas, como a Bitcoin ou a Ethereum.
Por isso, ponha-se a pau. Vá ver o histórico do seu computador e dos seus descendentes. Veja se há falhas e, se não souber bloquear este Inferno, peça ajuda a um técnico informático para criar uma redoma de protecção. Pague por isso, se for necessário. E eduque.
Eduque sempre os filhos, netos, amigos, parentes, para pararem esta aberração. Este lixo humano. Esta coisa monstra que tem mais de dez vezes o tamanho na “Internet limpa”, aquela por onde navegamos. Ah, e não se esqueça que os seus dados já estão espalhados por todo o mundo, mesmo sem ter entrado uma única vez no Inferno. É que empresas como a Meta e outras semelhantes podem até descuidar-se e lá vai mais um ataque informático. E nesse ataque lá vão os nossos dados, fotos e vídeos que partilhamos, com tanto entusiasmo, no Instagram, no TikTok, no Facebook, enfim, por aí. “Eles” sabem quem somos, como é a nossa cara, a nossa morada, o nosso banco, os nossos tarecos…
Trave a barbárie. Por favor.