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Para onde mandar racistas e xenófobos?

Queria mandar racistas e xenófobos “para a terra deles”, mas esta – a terra que é minha – é também, afinal, a terra deles, não tendo assim para onde os mandar.

Queria mandar racistas e xenófobos para a escola – a ver se aprendem algo sobre valores e direitos humanos – mas só está disposto a aprender quem tem consciência da sua ignorância.

Queria mandar racistas e xenófobos para o trabalho comunitário – a ver se adquirem empatia pelo próximo e percebem a importância da solidariedade – mas voluntariado social não é flor que gostem de cheirar.

Queria mandar racistas e xenófobos ler livros, ver filmes e assistir a sessões culturais – a ver se ganham mundo e humanidade – mas abertura e diversidade é coisa que não rima com inflamadas discussões à roda de minis e futebol.

Terei, por isso, de conviver com racistas e xenófobos – com a distância social possível e adequada – enquanto me oponho ativamente ao racismo e à xenofobia, distinguindo três condições ou realidades:

A primeira, é a da estereotipagem. Os seres humanos (todos) tendem a generalizar – agrupando em categorias (gavetas) que simplificam – as perceções singulares da realidade complexa (tornadas estereótipos).

A segunda, é a da preconceção. Os seres humanos (todos) tendem a formar ideias e sentimentos antecipados (preconceitos) – que configuram o seu ser – com base em julgamentos e avaliações infundadas e irreais.

A terceira, é a da ação efetiva (incluindo a verbal). Os seres humanos (todos) tendem a agir – usando o privilégio do relativo livre-arbítrio – em função dos seus estereótipos e preconceitos (fortemente influenciados socialmente).

Só nesta última condição ou realidade, existirá discriminação efetiva do/s outro/s, o que é absolutamente inaceitável e repudiável, devendo ser prevenido e combatido por lei e pela autoridade com competência para aplicá-la.

Todavia, o preconceito só pode ser prevenido e combatido com educação e cultura – para a ética, a empatia, os valores e os direitos humanos – valorizando a prática e o exemplo, em especial dos líderes de opinião.

Quanto à estereotipagem, pouco haverá a fazer – por ser um processo automático inerente à condição humana –, a não ser consciencializar as pessoas para as suas

limitações e consequências, e para a injustiça abusiva das generalizações (p.e. condenar todo um grupo social pelo mau comportamento de alguns).

O racismo e a xenofobia são formas ou estratégias de discriminação, entre tantas outras (igualmente humilhantes e indignas), que derivam, ora de um instinto gratuito de medo ou prazer – eticamente marcado como Mal –, ora de um interesse egoísta – de dominação ou apropriação – visando alcançar supremacia ou recursos escassos.

Em qualquer dos casos, ambas são proibidas pela Constituição da República Portuguesa (Artigo 26.º) e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (Artigo 7.º), nelas se prevendo a proteção legal contra quaisquer formas de discriminação ou incitamento à mesma. Mas serão, sobretudo, a reprovação e a rejeição social que, em definitivo, vencerão o racismo e a xenofobia.

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José Nascimento
José Nascimento
Tem 68 anos e vive na aldeia de Vale de Zebrinho (Abrantes). Reformado do ensino superior, onde lecionou disciplinas de gestão e psicologia social, dedica o seu tempo à atividade cívica e autárquica. É, também, membro do núcleo executivo do CEHLA – Centro de Estudos de História Local de Abrantes (editor da Revista Zahara). Interessa-se pelas dinâmicas políticas e sociais locais e globais, designadamente pelos processos de participação e decisão democráticos.

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