Há cidades que avançam. Outras fingem que andam. E depois há Castelo Branco, onde o progresso é como uma passadeira para cadeiras de rodas: interrompido, mal pensado e constantemente adiado.
Durante quase quatro anos de mandato, o executivo da câmara municipal, liderado por Leopoldo Rodrigues, teve tempo mais do que suficiente para olhar com seriedade para um dos temas mais básicos e civilizacionais de qualquer gestão autárquica: a acessibilidade. Não se trata de um luxo. Trata-se de garantir que todos, sem excepção, possam circular, participar e viver a cidade com dignidade.
Mas em vez disso, temos passeios esburacados, rampas inexistentes, degraus absurdos à entrada de edifícios públicos e um rasto de obras apressadas que aparecem, como por milagre, sempre que o período eleitoral se aproxima. Até parece que a única mobilidade que importa ao presidente é a dos votos.
A questão da acessibilidade é séria demais para ser tratada com este nível de ligeireza. A cidade continua a ignorar sistematicamente os cidadãos com mobilidade reduzida, como se fossem um detalhe incómodo nos planos de requalificação urbana. Já basta a vida ter-lhes colocado barreiras naturais — não precisam que a câmara municipal lhes imponha mais umas quantas, em forma de lancis desproporcionados e passeios intransitáveis.
As poucas obras que se fizeram durante o mandato de Leopoldo Rodrigues, além de escassas, revelam-se mal executadas, com acabamentos que deixam qualquer empreiteiro sério envergonhado. E tudo isto regado com quantias generosas dos cofres públicos. Parece que para o actual executivo, gastar muito é sinónimo de fazer bem — uma ilusão cara e perigosa.
O presidente da câmara, rodeado de assessores cuja competência está por demonstrar, continua a gerir os destinos do concelho como se fosse uma montra de vaidades pessoais. Liderança? Não se vê. Planeamento? Só a régua das eleições é usada. Sentido de serviço público? Perdeu-se, talvez na última requalificação mal acabada.
Castelo Branco não precisa de palcos montados à pressa para fotografias de campanha. Precisa de obra real, de decisões sérias, de respeito pelos munícipes que mais precisam. A acessibilidade não é favor nem esmola — é um direito.
E quando esse direito é continuamente adiado, ignorado e maltratado, o que se instala é a vergonha. Vergonha de ver uma cidade que podia ser exemplo, mas que insiste em tropeçar nas próprias promessas.
Senhor presidente, os albicastrenses não querem promessas empedradas. Querem uma cidade onde todos possam caminhar. Mesmo aqueles que não o podem fazer sem ajuda.