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Castelo Branco: Entre a Frieza do Inverno e a Frieza do Executivo

Se o fraco é traído pela sua própria fraqueza, parece que o Presidente Leopoldo Rodrigues e a sua equipa encontram-se hoje, como nunca, à mercê de uma cidade que, ao longo dos anos, se vai tornando num retrato esfarrapado de promessas não cumpridas e desespero nas ruas. E nem os ventos gélidos do inverno de 2025 conseguem congelar a incompetência que atinge o coração da administração municipal.

Num cenário digno de uma peça de teatro do absurdo, onde o público é a população de Castelo Branco e o palco é a cidade em si, a gestão deste executivo deixou de ser apenas uma questão de ineficácia – passou a ser uma reflexão, quase dolorosa, do total alheamento aos problemas reais da comunidade. Castigados pela pobreza e pela indiferença, os cidadãos de Castelo Branco assistem ao desfile de anúncios de obras que nunca saem do papel e veem o número de sem-abrigo a aumentar a olhos vistos, sem que qualquer ação eficaz seja tomada. E, quando isso é observado, qual é a reação dos responsáveis? Nenhuma. Nada. O vazio.

Recentemente, uma chamada ao jornal ORegiões expôs mais um desses momentos em que a cidade mostrou, de forma inequívoca, a sua face mais crua. “Diretor, estão a dormir na rua perto das bombas da Galp, perto do edifício das finanças, dois sem-abrigo a dormir na rua.” Como se fosse uma cena de um filme de terror, mas sem qualquer enredo emocional que fosse capaz de sensibilizar. Por acaso, quem sai da redação tarde, tem a infelicidade de perceber que a cidade tem vindo a se transformar numa casa fria para aqueles que mais precisam. Eu próprio já os vi. Sim, vi-os a passear na avenida com a sua trouxa dentro de um carrinho de compras, em busca de um pouco de calor nas noites congelantes que se abateram sobre a cidade, na rua dos ferreiros segundo fonte também à um que pernoita numa das casas devolutas. E qual a reação do Presidente? Não se vê nem uma sombra dele, nem dos seus assessores. O que se vê é a indiferença e o olhar virado para o lado, porque é mais confortável assim.

Mas o mais incrível nesta comédia de erros é o quanto se continuam a anunciar obras e projetos para uma cidade que parece estar paralisada, como se o simples facto de se lançar um novo cartaz ou uma nova foto numa página de redes sociais fosse suficiente para disfarçar a vergonha da falta de resultados. Enquanto as máquinas ficam estagnadas e os projetos continuam a ficar na gaveta, o número de pessoas sem casa aumenta, sem que nenhum plano real de apoio ou de reintegração seja posto em prática. O inverno não perdoa, e a cidade torna-se uma prisão para aqueles que já não têm onde se abrigar.

É impossível não notar que a maior parte das promessas deste executivo são tão reais quanto o vento que sopra na rua: são intangíveis, invisíveis, e, acima de tudo, frias. Quem tem olhos para ver, sabe que este é o retrato de uma cidade que está a perder a humanidade. A indiferença pela miséria social, pelo sofrimento dos outros, é a verdadeira face da liderança de Leopoldo Rodrigues.

O que nos resta, então? Continuaremos a olhar para as ruas e a ver mais gente a dormir ao relento, ou conseguiremos, de alguma forma, fazer com que este executivo perceba que os problemas da cidade não se resolvem com anúncios de obras que não saem do papel, mas com ações concretas, humanização e, acima de tudo, com a capacidade de ver e agir perante a dor do outro? O tempo dirá, mas, com este executivo, a esperança parece tão distante quanto um calor que nunca chega.

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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