O jornalista português Álvaro Morna, que prestou relevante trabalho em França, ao serviço do humanismo e da democracia, vai ser homenageado, em Paris, com o lançamento do seu livro, inédito, agora bilingue, “Saudade Cité”, no próximo dia 8 de dezembro, no âmbito das celebrações do 50º aniversário do 25 de abril.

Consulado-Geral de Portugal em Bordéus
As celebrações terão lugar na Maison de Portugal, na Cité International Universitaire de Paris, ao qual assistirão familiares, algumas entidades oficiais e muitos membros da comunidade portuguesa em França.
Álvaro Morna, deixou inédito o livro de contos “Saudade Cité “, sobre o exilio. Neste trabalho, o jornalista “fotocopia a vida do emigrante por razões económicas e políticas que descreve com lirismo e poesia, juntando ingredientes do suspense e da trama”, acrescenta o livreiro João Heitor.
Autor de vários livros Álvaro Morna é reconhecido pelo seu “jornalismo humanista” e pelo apoio à comunidade portuguesa em França.
Esta festa é promovida pela família do livreiro/editor João Heitor, das Editions Convivium/ lusophone. João Heitor, referiu que o evento pretende também homenagear todos os portugueses que já partiram e que saíram de Portugal por motivos económicos ou políticos.
Celebra-se também a projeção do trabalho da jornalista Catarina Neves da SIC, que estará presente, sobre a Canção de Intervenção de 1960/1974 de abril.
Nascido no Porto a 31 de agosto de 1940, Morna morreu em maio, no hospital de Salpêtriere, em Paris, aos 64 anos. Passou a infância e juventude em Leiria. Em 1963 fugiu de Portugal, refugiando-se em França, como forma de evitar a mobilização para a guerra colonial.
Resistente antifascista, regressou a Portugal após o 25 de Abril, mas acabaria por regressar a França, onde no início da década de 1980 entrou para o jornalismo, ao serviço da Radio France-Internacional (RFI).
Manteve-se sempre na RFI, onde era chefe da secção portuguesa, mas foi ainda correspondente do “Diário de Notícias”, da Lusa e da Rádio Renascença.
Conhecedor da realidade dos portugueses, publicou em 2004 o livro “Caminho da liberdade” que retrata uma epopeia triste de Portugal, num registo de biográfico que evidencia aquele caminho clandestino tomado no Verão de 1963, rumo a uma democracia, numa recusa de ir combater em África por um império colonial que de todo o seu ser rejeitava.
Álvaro Morna revela-se neste livro, com uma grande força narrativa, evitando os efeitos literários e os romanescos, mas não desprovido de emoções, de poesia e de humor. Nele, conta a sua segunda noite em Paris, 24 de agosto, debaixo de uma das pontes do Sena, com uma grande folha do Le Fígaro a servir-lhe de cobertor.
Anteriormente, em 2000, Morna tinha publicado “Timor -Uma Lágrima de Sangue”, um livro que nasceu das reportagens que fez quando acompanhou a realização do referendo para a independência de Timor-Leste, em 1999.
Neste evento será ainda lançado o livro “SEGREDOS e HISTÓRIAS de VIDA -Palavras de Emigrantes”, um relato emotivo e autêntico, narrado na primeira pessoa, que reflete as vivências marcantes da emigração portuguesa para França. A recolha destes testemunhos é um exemplo notável do trabalho realizado pela Associação Cultural “O Sol de Portugal”, promovendo a transmissão de conhecimento e a preservação da memória, fundamentais para manter viva a identidade da comunidade portuguesa em França.
Haverá vários cantores portugueses e livros para todas as idades. Haverá dezenas de livros de língua portuguesa para continuar a preservar aquilo que é o maio legado: a língua portuguesa.