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Partidos da oposição, comerciantes e residentes contra Moedas por causa do caos no trânsito em Lisboa

As novas regras à mobilidade do trânsito na zona ribeirinha e na Baixa de Lisboa, devido às obras, estão a causar um verdadeiro pandemónio na baixa lisboeta. Carlos Moedas descarta responsabilidades e culpa Metropolitano por não assegurar o transporte dos residentes e das pessoas que trabalham nas zonas afetadas. Mas oposição diz “que não é bem assim”, responsabilizando o autarca pelo caos que se instalou na Baixa lisboeta. Os comerciantes também se queixam que as obras estão a criar “dificuldades na entrega e abastecimentos de produtos às lojas”.

Partidos da oposição, comerciantes e residentes contra Moedas por causa do caos no trânsito em Lisboa
DR

A expansão do metro, a construção dos túneis de drenagem, as obras ao nível do saneamento e a repavimentação de vias, assim como o corte da Estrada das Laranjeiras, por cinco meses, está a deixar os lisboetas com os “nervos em franja”.

O corte parcial do trânsito da Estrada das Laranjeiras, durante cinco meses, devido a obras de requalificação de Sete Rios, que obrigam a um desvio da circulação rodoviária entre o Teatro Thalia e a Avenida das Forças Armadas, foi a gota de água que fez transbordar “o copo” dos lisboetas que acusam Carlos Moedas, presidente da Câmara, de “não ter tomado medidas que minimizassem o impacto das obras na vida dos Lisboetas”.

De facto, com as obras, o trânsito em Lisboa tornou-se caótico e o presidente da Câmara
Municipal de Lisboa, Carlos Moedas “sacode” as suas responsabilidades para o Metro. Mas,
segundo o Bloco de Esquerda, Moedas “tem na sua posse, há quase um ano, um instrumento fundamental para responder a esta realidade”, acusa a vereadora Beatriz Gomes Dias, que viu aprovada, por unanimidade, a proposta bloquista para a criação de um Plano de Contingência.

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Para os partidos na oposição na Câmara Municipal de Lisboa, as afirmações de Carlos Moedas não correspondem à verdade, desmentindo as declarações do autarca que
desresponsabilizavam a Câmara e apontavam culpas para o Metro, porque a “operação é da competência do Governo” e, nesse âmbito, a Câmara “lamenta os transtornos que as
interrupções na circulação de comboios nas linhas Amarela e Verde do Metropolitano de
Lisboa estão a causar aos utilizadores de transportes públicos da cidade de Lisboa”.

Assim, Carlos Moedas diz que “a Câmara Municipal de Lisboa é alheia” a esse problema e que a “entidade competente para o solucionar é do Metropolitano de Lisboa”, lembrando que a Carris reforçou o serviço de várias carreiras para minimizar o transtorno causado”. Aliás, o vice-presidente do município, Filipe Anacoreta Correia, reafirma esta posição de Carlos Moedas e salienta que a culpa é toda do Metropolitano de Lisboa.

Alternativas existem há 1 ano

O mesmo não pensam os partidos na oposição. Por isso, a vereadora Beatriz Gomes Dias, do BE, solicitou o agendamento como extra-agenda para a reunião pública da Câmara Municipal de Lisboa (3 de maio) das suas propostas para resolver “o caos no trânsito e transportes públicos criado pela inação de Carlos Moedas”.
A proposta do Bloco para a criação de um plano de contingência, aprovada por unanimidade, “obriga, agora, a Câmara a articular com Carris, Metro e CP soluções para encontrar alternativas de mobilidade face ao caos de trânsito que se está a viver em Lisboa”.

A vereadora bloquista recorda a reunião com o presidente da Câmara em abril de 2022,
sublinhando: “há mais de um ano, apresentámos esta proposta, em outubro de 2022, depois
de não termos nenhuma resposta nem nenhum plano apresentado pelo presidente”.

Descartar de responsabilidades

“Demos um instrumento perfeito para o Presidente usar para resolver os problemas que
estavam colocados”, prosseguiu Beatriz, acrescentando que Carlos Moedas “ignorou este
plano e deixou-o na gaveta a ganhar pó e mofo durante este tempo”.

Por isso, “é com surpresa que vemos agora o presidente a descartar-se da sua
responsabilidade, apontando exclusivamente culpas ao Metro pelo caos que se está a viver”, acusou a vereadora, referindo-se às declarações públicas de Moedas esta semana.

Para a vereadora bloquista, “o papel do presidente da Câmara não é só fazer o diagnóstico do problema e não apresentar uma solução”. Criticando Moedas por nem sequer ter reunido com o Metro “para poder ver qual seria a melhor forma de acautelar esta realidade, nem com a CP ou a Carris”. Ou seja, “ignorou a proposta e agora considera que não tem capacidade para responder às pessoas que vivem e trabalham em Lisboa”, resumiu.

A proposta do Bloco defende que a Câmara, em conjunto a Carris, o Metropolitano de Lisboa e a CP, e auscultando as Juntas de Freguesia e a população, desenvolva um Plano de
Contingência para o tráfego durante o período destas empreitadas. E que este Plano deve
“reforçar a oferta dos transportes públicos nas zonas mais afetadas e desenvolver percursos alternativos para que os impactos no trânsito automóvel sejam mitigados através da utilização dos transportes públicos”.

Por outro lado, o Plano de Contingência proposto “deve ter em conta a utilização de
alternativas de mobilidade ativa, nomeadamente ciclovias e zonas pedonais, que permitam
manter a mobilidade dos munícipes nas zonas mais afetadas” e incluir “um plano de
comunicação eficaz e abrangente, que indique aos munícipes os constrangimentos na
circulação rodoviária e as alternativas de transportes públicos”.

Comerciantes preocupados

Partidos da oposição, comerciantes e residentes contra Moedas por causa do caos no trânsito em Lisboa
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Por outro lado, numa sessão de esclarecimento com o vice-presidente da autarquia, Filipe
Anacoreta Correia, que tem a tutela da mobilidade, os comerciantes, empresários e dirigentes associativos mostraram preocupação com os constrangimentos causados pelas obras na Baixa e na zona ribeirinha, nomeadamente com a proibição de acesso, entre as 08h00 e as 22h00, de veículos com mais de 3,5 toneladas para cargas e descargas, “que resulta na dificuldade de entrega e abastecimentos de produtos às lojas”, destacou, numa nota, a UACS.

Segundo a UACS, Anacoreta Correia considerou necessário “trabalhar num plano de logística ajustado de forma a proteger o comércio e preservar a economia da cidade”, que será o tema de uma reunião a realizar entre os comerciantes e a Câmara Municipal para, em conjunto, “reverem e criarem soluções ajustadas, para adequar o horário de cargas e descargas”.

A união de associações de comerciantes voltou a recomendar a criação de uma comissão de acompanhamento das alterações de mobilidade em Lisboa e pediu ainda à Câmara que
concilie “a calendarização das obras em curso com a vivência e funcionamento da cidade, que não podem ser inviabilizados”.

Atenuar dificuldades

Segundo a UACS, está previsto que as obras da Rua da Prata demorem quatro meses; no caso da Avenida Dom Carlos até ao dia 24 de dezembro; no caso do Plano Geral de Drenagem de Lisboa, em Santa Apolónia o fim das obras deverá ocorrer até ao dia de Natal, “podendo haver alterações de acordo com as características das obras”.

No encontro, os comerciantes pediram soluções para atenuar a dificuldade de circulação e de acesso à baixa, que resulta no afastamento dos consumidores, prejudicando o tecido
empresarial da cidade.

Sugeriram ainda “que deve ser feita uma clarificação na mensagem de identificação nas
plataformas tecnológicas, como o “WAZE”, para facilitar a circulação na Baixa, apesar das limitações.

O trânsito está condicionado desde 26 de abril, por tempo indeterminado, na zona ribeirinha e Baixa de Lisboa devido a várias obras, sendo sugeridas pela Câmara Municipal alternativas para circular de Alcântara ao Parque das Nações.

Para desviar o trânsito das zonas condicionadas, a Câmara sugere que seja utilizada para
atravessamento uma “5.ª Circular”, um percurso que parte de Alcântara – Avenida Infante
Santo — Estrela – Avenida Álvares Cabral — Rato — Rua Alexandre Herculano – Conde
Redondo — Avenida Almirante Reis – Praça do Chile — Rua Morais Soares – Praça Paiva
Couceiro — Avenida Mouzinho de Albuquerque – Parque das Nações.

Entre as obras que vão provocar os condicionamentos estão a expansão do metro de Lisboa, a realização do Plano de Drenagem, para evitar situações de cheias na capital, a reabilitação da rede de saneamento e a repavimentação de vias.

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Alfredo Miranda
Alfredo Miranda
Jornalista desde 1978, privilegiando ao longo da sua vida o jornalismo de investigação. Tendo Colaborado em diferentes órgãos de Comunicação Social portugueses e também no jornal cabo-verdiano Voz Di Povo.

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