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Rio de Onor: uma aldeia mítica a desvanecer

Rio de Onor, a aldeia portuguesa trasmontana, mítica pelo modus de vida comunitário que já não existe, está descuidada e cada vez mais sem vida: As pessoas são cada vez menos, casas a cair, recuperações arquitetónicas aberrantes. Os fundos europeus de ajuda à sua recuperação foi “parar às mãos de dois ou três” no dizer de algumas pessoas locais.

Foto: D.R.

A sua história, bastante documentada e de grande peculiaridade, desde logo pelo célebre livro “Rio de Onor, comunitarismo agro-pastoril” de Jorge Dias, merecia que fosse, ela só, património da UNESCO, como o é o povoado mais antigo da Cantábrica, Barcedo Mayor, que está um “mimo”.

Ainda assim, Rio de Onor está inserida no Parque Nacional de Montesinho, um dos quatro parques englobados na Reserva transfronteiriça da Meseta Ibérica, reconhecidos pela UNESCO.

Foto: D.R.

Numa visita nos primeiros dias de outubro, verificamos que a aldeia, que fica na fronteira com a aldeia espanhola Rihonor de Castilla – até se diz “uma aldeia, dois países”, exatamente pelo seu passado comunitário – não está bem. Está longe dos panfletos turísticos que a qualificam como a 7ª maravilha das aldeias portuguesas.

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Foto: D.R.

Naturalmente que houve melhorias, desde logo a estrada asfaltada que a liga a Bragança, mas é necessário evitar que a aldeia se deteriore e sobretudo é preciso criatividade para a sua dinamização. Os sinais de vida de uma aldeia estão a fenecer: Há casas a cair, algumas com adulterações arquitetónicas aberrantes. As poucas flores, perdem o seu encanto nas varandas, das ruas da aldeia. Os habitantes que restam estão velhos e recordam histórias dum passado em que a vida vibrava em Rio de Onor. E, apesar de estarmos num fim de semana, mais propício aos visitantes, tudo estava fechado à exceção de um café básico onde conversavam cinco pessoas.

Foto: D.R. / Rio da aldeia

Algo não está bem, pois embora os parques naturais tenham gestão própria, a câmara municipal de Bragança faz parte do conselho do respetivo parque.

A constatação de casas típicas a cair, outras recuperadas em cimento, com alumínios e cores berrantes, veem-se noutras localidades inseridas no Parque Natural: Montesinho, Meixedo, Aveleda…

Foto: Foto Rio de Onor

Muitas casas estão à venda por preços exorbitantes, pelo que será difícil a sua aquisição sabendo-se que, para se tornarem habitáveis têm de sofrer obras que custarão o dobro ou o triplo. Acabam por desmoronar-se.

A qualificação da Meseta Ibéria, a 15ª Reserva da Biosfera Transfronteiriça no mundo e a segunda em Portugal, inclui, além da maioria espanhola, 9 concelhos portugueses. Foi um projeto desenvolvido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial ZASNET (Zamora, Salamanca, Nordeste Transmontano), através do qual se visa potenciar o turismo, aliando a marca UNESCO à conservação da Natureza, aos produtos regionais certificados e à criação de novas oportunidades de emprego.

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Otília Leitão
Otília Leitão
Doutorada em Ciências da Comunicação no ISCTE-IUL (2021), Mestre em Comunicação, Media e Justiça Universidade Nova de Lisboa ( 2010-2012). Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa (Menção jurídico políticas). Curso de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (sistema e-learning) Instituto Camões.

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