Em Castelo Branco, a história das Binas parece ser um exemplo perfeito de boas intenções que se desvaneceram com o tempo. Hélder Henriques, o Vereador que esteve à frente da mobilidade durante o seu mandato na Câmara Municipal, lançou as bicicletas amarelas de aluguer com grande entusiasmo, defendendo-as como uma solução inovadora para os problemas de tráfego e sustentabilidade da cidade. Durante meses, as Binas estiveram disponíveis gratuitamente para a população, criando uma sensação de que a cidade estava a caminho de se tornar um modelo de mobilidade urbana. No entanto, a realidade revelou-se bem diferente.
Passados alguns meses, as Binas foram vistas a serem deixadas em qualquer canto da cidade, abandonadas e esquecidas, em vez de serem usadas pelos cidadãos. Hoje, as bicicletas encontram-se encostadas nas estações de recarga, sem qualquer movimento. O que começou com grande pompa e circunstância transformou-se num exemplo de como um projeto bem-intencionado pode fracassar quando não há acompanhamento contínuo ou incentivo para os utilizadores. É como se a cidade tivesse investido numa solução que, ao fim de algum tempo, se tornou irrelevante.
E, enquanto isso, na Bélgica, a história da mobilidade urbana parece ter um final mais feliz. Os trabalhadores que optam por ir de bicicleta para o trabalho recebem um subsídio de 0,28 euros por quilómetro percorrido. Em 2024, 15% dos trabalhadores belgas decidiram pedalar até ao trabalho, um reflexo da eficácia dessa política. Graças a esse incentivo, muitos belgas viram os seus rendimentos aumentados em aproximadamente 460 euros líquidos por ano, o que se traduz em cerca de 38 euros mensais.
Ao contrário do que se vê em Castelo Branco, na Bélgica o subsídio de bicicleta não é uma solução que caia no esquecimento. Pelo contrário, é financeiramente atraente, sendo isento de impostos e contribuições para a previdência social, algo que motiva muitos a trocarem o carro pelas duas rodas. A mobilidade urbana na Bélgica tem sido um sucesso não apenas pela infraestrutura adequada, mas pelo incentivo claro e constante para os cidadãos escolherem alternativas mais verdes e sustentáveis.
É de aplaudir a visão do Vereador Hélder Henriques ao tentar implementar soluções inovadoras em Castelo Branco, mas a triste realidade das Binas esquecidas é um reflexo de como os bons projetos podem morrer pela falta de continuidade e de incentivos. Enquanto isso, a Bélgica continua a colher os frutos do seu investimento em políticas públicas de mobilidade que funcionam. Parabéns, Bélgica, pela visão e pela capacidade de fazer com que a mobilidade não seja apenas uma moda passageira, mas uma forma de vida.
Quem sabe um dia, em Castelo Branco, as Binas não voltem a ter o brilho que um dia tiveram. Para já, ficam apenas como um símbolo de um sonho que, talvez, tenha sido demasiado cedo para realizar.