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Dr. Trump tem razão

(Ou como a Europa, entre likes e lagrimas, dança o tango da irrelevância)

Se há algo que o reality show geopolítico nos ensinou é que a diplomacia moderna se assemelha a um influente em crise existencial: faz pose de seriedade, mas vive de filtros. De um lado, o Dr. Trump, com o seu marketing de “paz em 24 horas” — promessa tão credível quanto um tutorial de emagrecimento rápido —, do outro, a União Europeia, a correr de reunião em reunião como personagem secundária de uma telenovela turca. Enquanto isso, Putin, sentado no seu trono de ‘fake news’, ri-se à moda de Brecht: “A arte está em manter a plateia distraída enquanto se trocam os cenários”.

Os protagonistas deste teatrinho são mestres na arte de chamar a atenção no baile. Trump, o showman que transformou a Casa Branca num episódio de “O Aprendiz”, insiste que resolver conflitos é tão simples como assinar um cheque (ou declarar falência). Zelensky, por sua vez, oscila entre discursos heroicos e pedidos de ajuda, como um Hamlet pós-soviético a perguntar-se: “Ser ou não ser… membro da NATO?”. E a Europa? Ah, a Europa! Essa entidade que, qual Quixote burocrático, investe contra moinhos de gás russo enquanto grita “sanções!” — e depois chora quando a factura da luz chega.

Não faltam exemplos de como a superficialidade reina. Lembram-se do “Fantasma de Kiev”, aquele herói de videojogo elevado a ícone patriótico? Pois é: até a guerra passou a ser uma ficção de cordel. Enquanto isso, exércitos de internetologistas russos fabricam jornalistas virtuais com rostos de IA, e o Ocidente responde com hashtags. #StopWar, #StandWithUkraine — como se a tragédia se resolvesse com um emoji de bandeirinha. Até Lavrov, o grande vilão à James Bond, já percebeu: “Para que negociar com a Europa? Eles só sabem fazer memes”.

A UE, essa Madame envelhecida, insiste em papéis que não lhe cabem. Envia declarações inflamadas (“Defendemos a ordem internacional!”) mas treme quando Scholz sugere gastar três por cento do PIB em defesa — afinal, orçamentos são sagrados, mas vidas ucranianas… bem, isso seria conteúdo ‘premium’ europeu, que não há. Enquanto Macron organiza cimeiras em Paris para “unir o Ocidente”, a Polónia recusa-se a enviar tropas, a Alemanha hesita entre pacifismo e rearmamento, e Portugal “mantém contacto permanente” — o que, traduzindo, significa “assistimos ao Netflix da guerra”.

Trump, pelo menos, não disfarça o pragmatismo maquiavélico. “Negociemos com a Rússia e a Ucrânia separadamente”, propõe, como quem diz: “Dividir para reinar, baby”. Enquanto a Europa se perde em rondas de conversas infrutíferas — onde se discute se a paz deve ser servida com ou sem azeitonas —, o Cowboy lembra o óbvio: não se convida todo o elenco de Guerra e Paz para um jantar íntimo. Primeiro, fala-se uma a um, acertam-se os detalhes comuns (sim, Putin, pode ficar com Donetsk; não, Zelensky, não terá um tanque de ouro). Depois, chamam-se todos à mesa, já com uma listinha em que concordam.

Claro, há riscos. Ryabkov, o Robin do Kremlin, já avisou: “A paz só virá quando o Ocidente aceitar que a Ucrânia é um Estado mental… russo”. E o impacto económico? A ONU adverte: a guerra alimenta crises globais como um buffet de tragédias — inflação, fome, dívidas. Mas pelo menos os negociadores de petróleo agradecem.

No fim, resta a pergunta: estamos a substituir Kissinger por Kardashians? Em tempos, a diplomacia era um jogo de xadrez; hoje, é um TikTok onde ganha quem tem mais filtros. Kissinger, esse “canalha” genial, sabia que a paz exige realpolitik, não posts virais. Mas, num mundo onde a “imagem” vale mais que a inteligência, talvez o Dr. Trump — com a sua laca, lata, imprudência e os seus tweets — seja mesmo o profeta que não merecemos. Afinal, como diria Orwell: “Numa época de engano universal, dizer a verdade é um acto revolucionário”.

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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